sábado, 25 de abril de 2015

Dois retratos





Há uns dias usei a fotografia que consta à esquerda.
Sobre ela publiquei:

Há cinco anos fazia eu este retrato e juntava-lhe estas palavras: “Espero apenas que o bonito sorriso que aqui exibes não seja apenas porque o dia estava bom, havia festa e tinhas uma flor na mão. Desejo mesmo que ele, o sorriso, seja porque acreditas de alguma forma no que ele significou e significa, e que tenhas como verdade que o futuro te pertence e que o irás construir à tua medida. Quanto ao não teres hoje aquilo que, então, nós acreditámos e sonhámos, mais não posso fazer que, a ti e aos da tua geração, pedir desculpa pelo nosso falhanço. E citar António Gedeão, excelentemente interpretado por Manuel Freire:
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida E que sempre que o homem sonha O mundo pula e avança Como bola colorida Entre as mãos duma criança." Não sei o teu nome, tu que descias a avenida. Mas espero que agora, cinco anos passados, continues a sorrir com um cravo na mão. Agora que talvez já tenhas acabado um curso, agora que talvez já tenhas constituído família, agora que talvez já estejas a lutar por um salário honestamente ganho. Agora!

Hoje, também num 25 de Abril, tropeço nela. Reconheci-lhe a cara mas não as circunstâncias de como nos conhecíamos. E meti conversa.
Sabia ela de onde.
Recordava-se da fotografia feita há cinco anos e recordava-se ainda do tipo das barbas e de câmara estranha que a havia fotografado ainda há mais tempo, no Jardim da Estrela.
Não resisti e tentei reproduzir a anterior.
A luz não é a mesma, nem o cabelo, nem os óculos, nem o cravo…
Mas o sorriso é! E, por aquilo que percebi da mini-conversa que tivemos, a razão de ser dele mantém-se – o acreditar no futuro. Apesar do presente ser o que é.
Agora já sei o teu nome. Quem sabe se num qualquer outro festejo da Revolução não tenha eu a oportunidade de te chamar por ele.
E de tornara registar um sorriso bonito e esperançoso. 

By me

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