quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pentax





Uma das vantagens da marca Pentax é o cuidado que sempre tiveram na questão da retro-compatibilidade.
Tudo o que alguma vez funcionou numa câmara SLR Pentax, não importa quando, funciona nas actuais.
A excepção é no tocante a flash. Os mais antigos, devido à descarga eléctrica no momento do disparo ser elevada, podem danificar a câmara. Mas isto é comum a todas as marcas, pelo que há que ter cuidados especiais neste campo. (Existem alguns sites com indicações de marcas, modelos e compatibilidade com as electrónicas actuais. Sugiro que se consultem.)

Pois um destes dias saí de casa com o que se vê: A minha Pentax K7 com um velhérrima Soligor 200mm. Tudo 5 estrelas.
Algures a meio da tarde encontro-me com um compincha e trocamos umas palavras, esse tema incluído. E passo-lhe a câmara para a mão para que confirmasse. E confirmou, apreciando, entre outras coisas o aspecto sólido da objectiva.
Uma boa meia hora depois, já na rua que a conversa decorrera debaixo de telha, quis eu fazer um boneco.
Ligo a câmara, enquadro, foco, faço a medição manual e primo o botão do disparador. Nada!
“Então?!”
Verifico tudo, incluindo a indicação de distância focal. Que estas câmaras, em não reconhecendo a objectiva, necessitam de uma indicação nossa sobre esse factor, por via da compensação de oscilação. Tudo no lugar.
Volto a tentar fotografar e… nada. Nadica de nada.
“Bem, vamos com calma, que é o melhor nestes casos.”
Fiz uma inspecção em regra: Objectiva e respectivas transmissões mecânicas de diafragma, menus da câmara, cheguei mesmo a fazer uma imagem em seco, sem objectiva, só para ver se a mecânica estava a trabalhar como devia. Estava.
Tudo revisto e remontado, nova tentativa. Falhada!
“Raios! O que se passa com esta ………..?!”
Nova inspecção, tão detalhada quanto o possível, na rua e de pé, e coisa nenhuma.

Nestas coisas o melhor que há a fazer é manter a calma, respirar fundo e guardar a eventual reparação para um momento posterior, sem stress.
Pendurei esta no ombro, fotografei o que queria com a de bolso e segui à minha vida, não aparentado a preocupação que sentia.
Quase três horas depois, já em casa e com muita calma, voltei ao assunto. Testei com outra objectiva, moderna esta, e tudo trabalhava. Testei com outra antiga e não trabalhava. Parte da questão identificada: a retro-compatibilidade.
Definido isto, parar para pensar o que poderia ter deixado de funcionar. Com calma e já com o manual por perto.
Até que, de súbito, dei com a coisa. Com um grito de raiva e um suspiro de alívio. Alívio porque tinha descoberto a coisa, raiva porque eu já sabia a origem e solução do problema e havia-se-me escapado de todo. Agi e tudo estava no lugar, como sempre.
Trata-se daquilo que muito raramente uso: o sistema automático de focagem.
As objectivas antigas, não sendo autofocus, não aceitam o veio de transmissão da câmara. E se esta estiver com o sistema actuante e o veio não puder sair para trabalhar, não há disparos p’ra ninguém.
Algures, entre as minhas mãos e as do compincha com quem conversei, esse comando, meramente mecânico, fora comutado de manual para automático.
E não me passou pela cabeça verificar o bendito botanito.

Dizem que a sabedoria advém da experiência e que esta é resultado de muitos falhanços e alguns sucessos.
Nesse dia fiquei muito mais sábio!

By me

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