Sábado é um dia
diferente, aqui no meu bairro.
Tal como o
Domingo, é dia de ir ao supermercado. Caso se possa e haja necessidade. Em
podendo, evito-o, por via das enchentes.
Também é dia de
haver mais crianças a brincar na rua.
No tempos que
correm, brincar na rua já não é muito comum, que os jogos electrónicos jogam-se
em casa. Mas há sempre uma bola, uma bicla, uns patins ou o simples conviver
que ainda se faz. Ou não há jogos electrónicos.
Também é dia de
pendurar a roupa recém-lavada. Aqui no bairro não haverá muitas máquinas de
secar. Nem há regulamentos de condomínio, de freguesia ou de município que
interditem o estendal em prol da estética colectiva. E em não chovendo, é de
aproveitar. Até porque o dia seguinte é domingo e haverá que ir à missa ou
ouvir o pastor, pelo que essas coisas não se fazem.
Por mim, que
considero o sábado como dia normal e tinha que tratar de copiar uns documentos,
decidi ir a uma casa da especialidade aqui no bairro, na outra ponta.
Fica ela no
exterior de um centro comercial e, em terminando a obrigação, deixei-me levar
pela devoção: dar uma volta no centro.
Uma lástima!
De cada vez que
por lá passo, constato que mais lojas fecharam. Cada vez mais. Um sério
indicador sobre a tal “retoma” que os nossos governantes tanto apregoam.
A novidade foi
esta placa.
Depois de terem
fechado uma papelaria que fazia estas funções no bairro, depois de terem
fechado a estação de correios aqui do bairro, do outro lado da linha de caminho
de ferro e velha de muitos anos, abriu esta, instalada numa papelaria/tabacaria
do centro comercial.
Fui cuscar e meter
conversa.
Tratou-se de uma
tentativa por parte do lojista de atrair clientes, procurando contrariar a
morte anunciada do espaço comercial. Que os clientes, em indo tratar de uma
qualquer questão postal (encomendas, registos, vales) sempre acabam por
consumir algo mais.
Em dela saindo,
fui tomar café e tive que admirar a arte e o engenho. O balcão é-me conhecido há
mais de duas dezenas de anos, desde que o centro abriu. Mas o que me espantou
foi a forma deliciosa como espalham artigos não perecíveis e de pouca saída,
tal como guardanapos e copos, no balcão/expositor refrigerado. Para que não
pareça vazio. Três quartos assim ocupados, com um ar negligente e como se nada
fosse, mas que bem demonstra a falta de negócio que ali acontece.
O périplo terminou
numa livraria. Sim, porque o meu bairro, dormitório suburbano classe
media-baixa e baixa, tem uma livraria. Às moscas. Às moscas de clientes e às
moscas as prateleiras, com os livros espalhados aos dois e três por cada uma,
deitados para que ocupem mais espaço e disfarcem a reduzida existência.
Perguntei por
livros de fotografia. Poderiam ter, por mero acaso excepcional. Mas não tinham,
como suspeitava.
Acabei por trazer
um outro que há uns tempos me havia despertado a curiosidade mas que não tinha
chegado a adquirir. E fiquei a saber p’la mocinha, que era a primeira venda do
dia. Já na segunda metade da tarde.
Não costumo
comprar livros nos centros comerciais. Prefiro, de longe, as livrarias convencionais,
com porta para a rua, onde trabalham livreiros que sabem da poda. E vou
apoiando o comércio tradicional, que bem precisa, com esta minha escolha.
Mas neste caso…
A fotografia foi a
possível e fruto de um capricho.
Se lhe mexi
haveria que usar. E saí de casa apenas com a reflex equipada com uma 200mm.
Claro que a de bolso estava onde pertencia, no bolso. Mas o desafio era
fotografar o que eu quisesse mas encontrando solução com esta distância focal.
Que as zooms, práticas
e energeticamente económicas, tornam-nos preguiçosos.
Uma prática
esquecida de muitos, mas que convém relembrar de quando em vez: a melhor zoom
funciona a dois tempos – pé direito, pé esquerdo.
By me
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