Prólogo
É uma daquelas
perguntas que faço quando me dizem que querem aprender fotografia para correr
mundo e fotografarem outras culturas e lugares:
“Boa! Mas diz-me:
De que cor é o prédio em frente ao teu?”
Vezes demais ficam
a olhar para mim, sem saber que responder.
I
Na minha rua há um
café que frequento.
Tal como na
maioria dos cafés de bairro, assim como mercearias, padarias e equivalentes,
ali sabe-se de quase tudo sobre a vida de quase todos.
Um destes dias
questionei quem está ao balcão sobre um vizinho. Mora ele uns prédios acima do
meu e costumava encontrar-me com ele ali mesmo, no café. Ele e os dois filhos. E
faz tempo que os não vejo.
Disseram-me que
estava preso, condenado por violência doméstica e que a esposa e os filhos já
ali não viviam.
Pensando no caso não
me surpreende muito, considerando o ofício que tinha e a forma como se
relacionava com os miúdos ali em público.
II
Na minha rua há
muitos casais. De todas as idades e origens.
Um há que já vivia
no meu prédio quando para cá me mudei. Mais velhos que eu, tentaram um negócio
no bairro que, infelizmente e como muitos outros, deu com os burrinhos na água.
É uma alegria vê-los
na rua. A caminho do café ou com qualquer outro destino. Andam sempre de mãos
dadas, seja qual for a hora e as condições atmosféricas.
Não são de muitas
conversas, nem entre eles nem com os demais, mas aquela relação é sólida e
sorridente.
Epílogo
E pergunto-lhe, a
si que gosta de fotografar:
“De que cor é o prédio
em frente do seu?”
By me
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