Tropeço num vídeo,
produzido por uma revista semanal portuguesa.
Nele, alguns
jovens em idade universitária, são alvo de perguntas de cultura geral, sobre
personagens e acontecimentos. Uns sobre cultura, outros sobre política.
O resultado é uma
lástima hilariante. Que as respostas, demonstrando uma ignorância pungente,
fazem-nos rir. No entanto…
No entanto há que
perceber que esta reportagem tinha um objectivo: mostrar-nos isto mesmo. É
muito provável que tivessem feito perguntas a mais pessoas e que não tivessem
tido respostas como estas. E nós comemos o que nos põe no prato e ponto final.
Ainda dentro desta
mesma linha, um outra história, esta dramática:
Uma senhora que
conheci candidatou-se a uma outra categoria profissional na empresa onde
trabalhava. Tendo passado na primeira fase – avaliação curricular – foi reprovada
numa prova escrita. Cultura geral.
Reclamou ela do
resultado, alegando que nenhuma das perguntas da prova constava do livro de
cultura geral que havia comprado e estudado.
(Isto não é
anedota, é bem real!)
Faz sentido, tanto
a primeira como a segunda parte deste texto!
A culpa do que
relatei não é de nenhum dos intervenientes mas nossa. Do sistema em que vivemos
e que alimentamos.
Nos tempos que
correm, tanto o sistema de ensino como a vida profissional tornaram-se
estanques, autónomos, com exigências específicas sobre conteúdos e desempenhos,
deixando de parte tudo o resto. E a cultura geral faz parte de tudo o resto.
Os jovens hoje, na
competição desenfreada por uma vaga numa universidade ou um emprego à saída
dela, concentram-se em aprender o que os professores lhes dizem que têm que
saber. Ponto final.
E não sei de uma
disciplina ou cadeira que envolva seriamente, o aprender o que consta nos
jornais, o que é exibido nos museus, o que está disponível nas bibliotecas.
Reais e em papel ou virtuais e na net.
Mandasse eu alguma
coisa e seria aprendizagem obrigatória, a partir dos, digamos, dez anos e até
ao fim do percurso escolar, o saber ler um jornal, o saber colocar em causa a
informação recebida, o saber questionar e confirmar.
Mas, e nos tempos
que correm, não se pretende gente culta. Isso é um perigo, já que podem pensar.
O objectivo é
igualar o inigualável Chaplin o seu “tempos modernos”. Nada mais!
By me
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