Um pouco daquela
teoria chata que “não serve a ninguém”, mas que explica algumas coisas.
Olhando para o
diagrama A vemos aquilo que eventualmente aprendemos na escola e eventualmente
nos lembramos:
A distância focal
de um sistema óptico é a que medeia entre o seu centro e o alvo quando o
assunto está focado e se encontra no infinito.
Tratando-se de um
sistema simples – uma lente convergente simétrica ou lupa – o seu centro óptico
está geralmente bem no seu centro. E a imagem que produz, se bem se recordam, é
real, invertida e menor que o objecto.
No caso deste
diagrama A, consideramos uma lente positiva simples com uma distância focal de
50mm.
Considerando o
diagrama B, mostra-nos ele um sistema óptico complexo, composto de várias
lentes positivas e negativas, um tubo de sustentação, um regulador de feixe
luminoso (diafragma) e o respectivo centro óptico.
O conjunto tem uma
distância focal de 100mm e, não o supondo simétrico, o seu centro óptico não
está rigorosamente no centro do conjunto.
Considerando o
diagrama C, temos um sistema óptico complexo, composto de várias lentes
positivas e negativas, um tubo de sustentação, um regulador de feixe luminoso
(diafragma) e o respectivo centro óptico. O conjunto tem uma distância focal de
100mm.
Mas o seu centro
óptico encontra-se fora do conjunto, do tubo inclusive.
No entanto, as
diferenças não se prendem apenas com a posição do centro óptico em relação ao
conjunto físico de lentes, tubo e diafragma. Todo o conjunto físico encontra-se
no diagrama C bem mais perto do alvo (película, sensor) que no diagrama B.
Os nomes
respectivos estão escritos: Focal Longa e Teleobjectiva.
Pese embora os
esquemas não estarem rigorosos nas respectivas proporções, certo é que estas
diferenças explicam o porquê dos tamanhos e funcionamentos das nossas ferramentas:
as objectivas.
Se tiverem uma
objectiva potente, digamos que uma 300mm, constatarão sem grande dificuldade
que terá menos que 300 milímetros de comprido. E que mesmo que instalada na câmara,
e considerando a sua espessura, o conjunto desde o elemento frontal da
objectiva até ao plano do sensor (as câmaras mais a sério indicam-no) é menor
que a distância focal do conjunto.
Trata-se, assim,
de uma teleobjectiva.
O inverso é
igualmente verdade.
Se observarem as câmaras
reflex que possuem, irão reparar que o próprio corpo, desde o plano do sensor
até à montagem da objectiva é mais comprido que, digamos, 18mm, que é uma
distância focal comum em câmaras APS-C.
O tipo de construção
é semelhante a uma teleobjectiva mas invertido, ou seja: o centro óptico do
conjunto encontra-se mas atrás que o elemento traseiro da objectiva.
Dá-se o nome a
este tipo de construção de “teleobjectiva invertida” ou “retrofocus”.
Este tipo de
construção de objectivas torna-se particularmente importante já que se assim não
fosse, para distâncias focais curtas não haveria espaço dentro da câmara para o
movimento do espelho.
É este tipo de informação
importante?
Nos dias que
correm nem tanto. Não creio que se fabriquem grande-angulares que não sejam
retrofocus tal como não creio que se fabriquem objectivas de grande potência
que não sejam teleobjectivas. As actuais técnicas de construção dos elementos
das objectivas (características de refracção dos diversos elementos bem os
rigores das curvaturas) tornaram tudo muito mais simples.
Vem tudo isto a
propósito de me ter chegado às mãos uma Focal Longa. Realmente longa.
Por aquilo que
andei a ver aqui e ali, há mesmo quem lhe chame “a besta”.
Trata-se de uma Takumar
500mm f/4,5, construída nos finais dos anos ’60.
Posso-vos garantir
que a alcunha não destoa em nada do objecto.
Em tendo
oportunidade, mostrarei por aqui a dita, bem como uma sua irmã que por cá tenho
faz uns anitos valentes: uma Novoflex 600 f/8, da mesma época. Bem como imagens
por elas produzidas.
By me
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