Recordo, ainda
catraio adolescente, o ter ido muito em segredo com a família assistir a uma
sessão clandestina de cinema. Passava-se cinema russo e isso era proibido.
Recordo, ainda
estudante liceal, o ter escrito, impresso e distribuído panfletos contra a
guerra colonial. À socapa e com vigias de atalaia, que os riscos eram
tremendos.
Recordo o ter sido
apanhado por um continuo no liceu, de ele ter olhado em redor dentro da casa de
banho onde estávamos, de me ter confiscado os papeis e, também
clandestinamente, me ter mandado embora sem me denunciar à direcção ou polícia
política.
Recordo como era
aguardados lá em casa os sábados para que se comprasse o vespertino “Diário de
Lisboa”. Nele e no suplemento, a crónica “As redacções da Guidinha”, lidas sofregamente.
No seu estilo pouco convencional (forma e conteúdo), era dos raros escritos que
conseguia passar para o público algo à revelia da censura.
Recordo, mesmo que
em plena “primavera marcelista” as reuniões de movimentos de estudantes. As
feitas localmente nos liceus ou as mais centralizadoras delas, em Lisboa.
Sempre com sentinelas, impedindo a entrada de gente desconhecida, não fora
serem bufos. Ou para avisar da chegada da ramona.
Agora surgem os
partidos do arco da governação a impor uma espécie de comissão de análise
prévia à cobertura da comunicação social nas campanhas e pré-campanhas
eleitorais. Com os respectivos planos de acção previamente apresentados e
aprovados por uma comissão com poderes para tal. E para punir os disso se
desviarem.
Mais ainda, e por
aquilo que pude ler: limitando os critérios editoriais aos partidos com assento
parlamentar, deixando de fora os demais. Quer porque pouco representativos quer
porque nunca sufragados.
Amanhã é 25 de
Abril de 2015.
Haverá celebrações
um pouco por todo o lado. Institucionais ou outras. Costumo estar presente. Celebrando
e fazendo o meu próprio registo fotográfico da celebração colectiva.
Mas amanhã será
diferente.
Não estarei
celebrando: Estarei lutando!
Porque, e ao que
parece, a democracia e a liberdade estão a sair do parlamento.
Sei o que vivi,
mesmo que adolescente. E não o quero viver de novo nem para os vindoiros.
E se então lutei
contra isso, hoje não será diferente!
By me
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