terça-feira, 14 de abril de 2015

Um enquadramento





Sobre um comentário que fiz sobre o isolar ou evidenciar um assunto mesmo que estando à distância e com um ângulo grande de visão. Repare-se que:

- O carro dourado encontra-se quase no cruzamento de duas das linhas fortes da regra dos terços. Quanto mais não fosse, isso bastaria para lhe dar força.
- O meu olhar (sou eu que estou de costas) dirige-se para lá. O local para onde alguém olha é, sem sombra de dúvidas, um ponto de interesse que não pode deixar de ser visto.
- A minha cabeça está desfocada, mas não o suficiente para que deixe de ter leitura e atrapalhe em demasia.
- Das diversas faixas de estacionamento, aquela que ele ocupa só o tem a ele. Evidencia-o no vazio.
- O espaço ocupado pela minha cabeça, estando mais escuro, cria desde logo um espaço neutro ou de pouco interesse, valorizando o que está mais claro.
- Eu estou virado para a esquerda, contrariando o sentido de leitura ocidental e tornando assim esta imagem “fechada”. Concentrando o olhar no ponto para onde se dirige. Estivesse eu virado para a direita, criando uma imagem “aberta”, e o carro teria muito menos força, já que o olhar nos levaria para fora da imagem.

Colocar algo em evidência no enquadramento não é particularmente difícil. O truque está em conhecer o como o público interpreta o que vê, que códigos de imagem fazem parte da sua cultura e facilitar-lhe ou dificultar-lhe o acesso aos diversos elementos, conduzindo-lhe o olhar para onde queremos.  

Nota: aceitam-se e pedem-se contestações ou complementos ao acima dito.

By me

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