sábado, 11 de abril de 2015

Penicos





Consultando rapidamente um dicionário, encontro a seguinte definição:

“Analogia – relação de semelhança entre objectos diferentes”

“Análogo – que tem analogia, equivalente, idêntico, semelhante”

“Analógico – 1-relativo a analogia, 2-que tem ou se baseia na analogia”



Leio isto e apercebo-me que todas as fotografias têm analogia com o que foi fotografado.

Olhando para uma fotografia ao calhas, constato que nela vejo as árvores que eu vi, a casa que eu vi, o céu que eu vi, a pessoa que eu vi… e consigo na fotografia que vejo reconhecer todas e cada uma das coisas que agora vejo e que então vi.

Claro que não são iguais.

Não têm o mesmo tamanho, a profundidade é uma aparência, não oiço o que ouvi, não cheiro o que cheirei, não palpo o que palpei… mas olhando para esta fotografia encontro muitas semelhanças com o que vi.

Esta fotografia é análoga ao que vi.



Pode-se então perguntar: Mas… e as fotografias analógicas são semelhantes ao que vimos e as digitais não são?

Ambas são e ambas não são.

Em ambas encontramos semelhanças ou analogias; em ambas necessitamos de intervir depois da obturação para podermos constatar essas semelhanças; umas terão que ser objecto de tratamento electrónico para serem vistas num ecrã, outras terão que ser objecto de tratamento químico para que as possamos ver na mão; ambas terão que passar por um processo de impressão para que as possamos guardar na carteira; ambas terão que ser codificadas e descodificadas para que as possamos ver num dispositivo digital.

Posso assim afirmar, sem margem para erro, que:

todas as fotografias são analógicas enquanto tiverem semelhanças com o fotografado;

todas as fotografias necessitam de tratamento para poderem ser vistas;

todas as fotografias são passíveis de serem vistas num suporte inanimado;

todas as fotografias são passíveis de serem vistas num suporte electrónico.



Tenho então a partir daqui que chamarem a algumas formas de fotografia “analógica”, por oposição a outras, é um disparate.

Prefiro, obviamente, chamar às fotografias feitas em suporte fotoquímico (ou rolo, ou chapa) “fotografias fotoquímicas”.

Claro que lhes podem chamar de “batata frita”, “australopiteco” ou ainda “penico”. É completamente indiferente, desde que nos entendamos.

Agora se pensarmos seriamente no significado dos termos e naquilo a que se referem ou bem que não há analogia na fotografia (tão tremida, escura ou desfocada que nem se consegue reconhecer o que lá consta) ou bem que são todas analógicas.



Bons “penicos” para todos!


By me

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