Em tempos
aconteceu em Portugal uma coisa chamada “Encontros de Fotografia de Coimbra”.
Todos os anos
aconteciam naquela cidade, durante três semanas se a memória me não falha,
exposições, conferências, workshops… A cidade vivia fotografia, em boa parte
animada pelos estudantes, mas não só.
Enquanto existiram
só falhei dois: o primeiro, que não soube da sua existência e um outro, porque
estava doente.
Quer fosse e
viesse no mesmo dia, usando um dos primeiros e o último comboio, quer ficasse
por lá uma noite, degustava o que por lá acontecia, no heterogéneo que por lá
acontecia, do experimentalismo aos clássicos, sempre numa adequação perfeita
entre obras exibidas e locais de exibição.
Anos houve, aliás,
em lá ia por duas vezes. Enquanto estive a trabalhar com jovens numa escola, ia
lá uma primeira vez para gozo pessoal e definir itinerário em função do e onde exposto,
e uma semana depois num autocarro cheio de gente nova, desejosa de aprender e
de passar um dia diferente. Sair de manhãzinha, regressar já noite feita.
Um dos workshops a
que não assisti versava a objectividade da fotografia.
Orientado por um
fotojornalista alemão, propunha numa primeira fase o activar o temporizador da
câmara, esperar que estive quase a obturar e arremessar a câmara ao ar,
apanhando-a de seguida, claro. Tentava ele demonstrar, ao que soube mais tarde,
até que ponto é possível fazer fotografia sem que a intervenção humanaa a moldasse
ou condicionasse.
Não estive
presente e ainda bem, que não sei se me arriscaria a atirar a câmara ao ar sem
ter a certeza de que a conseguiria apanhar. O atlético nunca foi o meu forte.
Em qualquer dos
casos, mesmo assim contestaria o exercício.
A escolha da
objectiva, o local onde decorreu o exercício, o momento do dia, o suporte (cor
ou p&b)… tudo isso seria intervenção prévia de cada um ou do grupo, não
sendo nunca obra do acaso.
Diria eu que o
principal de um trabalho fotográfico não será aquilo que esteve em frente da câmara
mas o olhar de quem estava atrás dela.
By me
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