A
fotografia funciona como uma tesoira:
Com
o seu enquadramento, recorta de um continuo espaço/tempo um pedaço de ambos.
Tal
como Prometeu roubou o fogo a Zeus, também o fotógrafo rouba um nico do tempo e
do espaço, aprisionando-os entre quatro paredes.
É
por isso mesmo que um fotógrafo que o seja não consegue deixar de fotografar:
apercebe-se de quão fútil é a sua tentativa, sendo a vida e o universo o que são.
E procura, com a multiplicidade dos seus registos, reconstruir aquilo que o
obturador e o enquadramento recortam.
O
enquadramento perfeito e o instante decisivo são tão mitológicos quanto
Prometeu e Zeus. E assim será interpretado quando, daqui por 3.000 anos,
estudarem o que fazemos hoje.
By me
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