Já
é velhote, este talão. Em boa verdade tem três anos, confirmáveis, apesar de a
data não ser visível, pela taxa de Iva indicada.
E
é um dos poucos talões e/ou facturas (com c) que tenho. Peço-os e guardo-os
para o caso de ter que activar a garantia do fabricante. Ou, noutros casos como
o de equipamento fotográfico, para assegurar a legitimidade do que possuo, já
que parte do que tenho foi adquirido usado.
Tenho
uma caixinha, pequena, onde as guardo, tal como um painel de cortiça onde vão
ficando as novas. A mais recente tem um ano, refere um fotómetro e já está
cheia de pó.
As
outras, aquelas que nos querem impingir a troco de tudo e por imposição
governamental, acabam no bolso do colete durante uns tempos, até lhe fazer uma
limpeza. Isto no pressuposto que recebo a tal factura (com c).
Que
as mais das vezes quando me perguntam se quero factura (com c) a minha resposta
é deste calibre:
“Eu?
Não! Será que tenho cara de fiscal?”
Mas
mudei o meu discurso. De agora em diante passarei a alternar com algo deste género:
“Se
quero factura? Para quê? Pois se nem tenho carta de condução!”
Esta
questão de incentivar o comum do cidadão a exigir factura (com c),
transformando-o em fiscal e implementador de normas tributárias recorda-me, sem
saudade alguma, o tempo em que cada um era um potencial denunciante de crimes
de pensamento e acção, no tocante a bons costumes e política.
Mas
também me faz recordar os excelsos exemplos daqueles que, consciente e
deliberadamente, se recusaram a fazer o papel de bufos.
E
se andam por aí a reclamar por um novo 25 de Abril, a sugestão que vos deixo é
que não esperem que alguém o faça no vosso lugar e ajam. Todos os dias, em cada
acto (com c) e pensamento.
Que
a abstenção na cidadania é o caminho certo para o regresso ao passado que vamos
percorrendo. Lamentavelmente.
-
Nota extra: a referência a “cartão de crédito” neste talão também é histórica.
Para além de errada, que não possuo cartão de crédito mas tão só de débito, foi
uma das raras compras que fiz ao longo da vida recorrendo a ele.
Sempre
que posso, e é a esmagadora maioria das vezes, pago o que compro em dinheiro.
Vivo. Notas e moedas.
Os
negócios que faço são privados e assim devem ficar. Para além da inevitável coscuvilhice
fiscal.
Não
me apetece andar por aí a dizer a um banco - entidade privada – o que compro ou
pago a quem e quando. Não me apetece que, e para além do inevitável, existam
registos da minha vida que não quero.
By me
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