A
inépcia é pior que a incompetência!
Há
uns anos valentes, estava eu a fazer um trabalho de bastante minúcia sobre uns
mapas e iluminuras quinhentistas, e sentia uma terrível dificuldade em executar
os movimentos de câmara que me eram pedidos.
Não
porque os não quisesse fazer ou porque eu próprio fosse inapto para tal.
Antes
porque as instalações e o equipamento onde o trabalho decorria eram bastante
antigas, velhas mesmo.
A
cabeça do tripé com que estava a trabalhar apresentava inúmeras folgas e lixo,
impossibilitando o rigor e suavidade que era exigido.
Farto
de “dar murro em ponta de faca” e porque já há muito tempo que vínhamos pedindo
a reparação ou substituição desta peça, tomei uma das atitudes bruscas que,
volta e meia, tomo:
Interrompi
os trabalhos, deixando toda a equipa parada, e fui ao gabinete ter com a
chefia.
Junto
dele, pedi-lhe que fosse comigo ao estúdio, que havia um problema.
A
resposta foi a costumeira:
“Que
não podia de momento, que estava cheio de trabalho, que talvez mais tarde…”
“Bem”,
respondi, “eu não vou se não me acompanhar, e como os trabalhos não se fazem
sem mim…”
Acabou
por se levantar e ir comigo ao estúdio em causa.
Em
chegando lá, disse-lhe:
“Pedem-me
para fazer este trabalho. Eu não o sei fazer. Como meu chefe e mais competente,
quer me mostrar como se faz?”
Inchado,
logo pegou na câmara e tentou fazê-lo. Foi incapaz, tal como eu tinha sido.
Mandou
suspender os trabalhos até depois de almoço e saiu.
Quando
regressamos, estava lá colocada uma cabeça reparada que sabíamos existir em
armazém, parada, havia meses.
E
os trabalhos decorreram como se esperava.
By me
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