O
regresso a casa em dias de greves de transportes, mesmo que com serviços mínimos,
é sempre complicado: muita gente, a pressa em chegar a casa, a ansiedade de não
haver a certeza de se o conseguir em tempo útil… É sempre complicado.
Sendo
que de manhã não tive problemas de maior, mas que também saí de casa com
bastante antecedência, optei p’lo caminho e sistema habitual, apesar de saber
que não seria fácil. Não foi.
No
transbordo de um comboio para outro, a meio do percurso, a estação transbordava
de gente à espera daquele que também eu queria. Que chegou cheio, como se
previa. E de onde saiu menos gente do que gostaríamos. Melhor dizendo: saiu
menos gente que aquela que queria embarcar.
Quando
consegui subir, entalado, empurrado e empurrando muita gente, não fiquei com a
certeza de conseguir ficar por inteiro na carruagem: parte de mim estava
dentro, a outra parte fora do que parecia ser o trajecto habitual das portas.
E, atrás de mim, gente que ainda queria entrar.
De
entre estas, uma senhora empurrava-me dizendo “Vá lá! Apertem-se mais um bocadinho!
Apertem-se que eu tenho que ir buscar o meu filho à ama!”
Tentei
e não consegui. Talvez que já não tenha a força de outrora. Talvez que por não
ter onde firmar bem os pés para a manobra. Talvez porque aquela mol de gente não
era mais comprimivel. Talvez porque quem estava já lá dentro não se quisesse
comprimir um nico mais.
Empurrado
outra vez, mas agora em sentido oposto e desentalando-me, desci o degrau e
saltei para a plataforma.
Afinal,
atrás daquele haveria de vir outro e outro ainda. E eu não tenho um filho para
ir buscar à ama.
Três
cigarros e uma fotografia depois embarquei. Sempre com a esperança que ela
tivesse sido recebida p’lo filho e ama com um sorriso maior ainda que o meu.
By me
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