Ainda sobre a
manifestação das forças policiais esta semana.
Tenho estado em
muitas manifestações ao longo da vida. Algumas mais pacíficas, outras não
tanto, algumas só com meia-dúzia de gatos pingados, outras com muitos, mas
muitos milhares mesmo, de participantes.
Além do meu papel
de cidadão a fazer ouvir a sua voz, tenho feito o que de fraco sei fazer:
fotografia.
E o fazer
fotografia implica, de algum modo, saber antecipar as situações para melhor o
poder registar.
Uma das coisas que
me habituei a observar foi a forma como as forças policiais se colocam no
terreno. Tanto preventivamente como em estado de intervenção.
Nas escadas da
Assembleia da República têm estado quase sempre, e sempre que os manifestantes
são muitos, agentes da polícia equipados com armas bem mais poderosas que
apenas os bastões, escudos ou pistolas. Para quem souber observar, estão por
lá, recuadas mas prontas a intervir, shotguns e lança-granadas de gás lacrimogenio.
Não são difíceis de detectar onde se encontram nem como manobram, se se souber
o que procurar.
Na manifestação
das forças policiais desta semana não estive. Os meus horários de trabalho não
mo permitiram. Mas vi as reportagens de diversas estações de televisão e as
imagens vídeo ou fotográficas feitas por manifestantes e colocadas on-line.
E não consegui
descortinar, em momento algum, esses agentes assim preparados. Apesar de lá não
ter estado, quase que posso garantir que estas formas de contenção de turbas
não estavam no terreno.
A tomada das
escadas do parlamento foi feita com método e ordem. Afinal, quem o fez está
habituado as estas coisas e a cumprir ordens. E elas foram dadas por quem da
poda sabe e por megafone.
A estratégia foi
bem escolhida e executada, com uma frente de ataque e quebra das linhas
adversárias pelos flancos, obrigando-os a recuar.
Mas é igualmente
certo que os defensores, ao invés do habitual, estavam menos preparados para
aguentarem posições.
Pergunto-me se as
ordens de usar a força sobre manifestantes são dadas apenas quando se sabe que
estes são gente pouco organizada, sem líderes militares nem treino de
confrontos. Por outras palavras, sobre cidadãos comuns.
Talvez que comece
a fazer sentido que, em face de força desproporcionada, se empreguem métodos
eficazes. Por parte dos manifestantes, entenda-se.
By me
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