Ainda
que aos domingos se deva evitar ir aos supermercados, hoje dei-me jeito e fui.
Claro
que encontrei por lá a enchente de gente que já esperava, apesar de estarmos a meio
do mês, e não era fácil andar p’los corredores. Tanto mais que o comércio já
está a fazer pontaria p’ro natal e os pirralhos vão com os pais e vão parando e
andando devagar.
Num
dos corredores, dobra uma esquina uma dupla: mãe e filho.
O
garoto, com uns cinco ou seis anitos, estava à-vontade com o português, ao
contrário da mãe que, apesar de não lhe faltar o vocabulário, tinha um muito
acentuado sotaque de leste. Ucrânia, suponho.
E
ouvi a mãe a dizer ao catraio:
“Agora
não! Amanhã vamos a outra loja, que tem mais e podes escolher um maior ainda.
Mas agora não!”
O
pequenote é que não foi na conversa. Apercebendo-se que não ia ter sorte
nenhuma hoje, não estava lá muito a acreditar no “amanhã”, e no “maior ainda”
que lhe prometiam. E amarrou o burrinho: queixo enfiado no peito, lábio
inferior estendido, braços firmemente cruzados.
Foi
assim que se afastaram, p’lo corredor dos enlatados e conservas, de onde eu
mesmo ia saindo.
Não
sei de que se tratava, mas acredito que fosse um brinquedo, do respectivo
expositor, lá mais ao fundo. E que os pedidos e as negações se vinham
arrastando desde lá até às azeitonas, onde eu estava.
Talvez
que uma motoca destas, comprada há uns dois ou três anos, no café aqui da rua.
Ou um jogo. Ou um carro de bombeiros. Ou… ou algo que os gerentes de loja
colocaram estrategicamente baixo p’ra que as crianças arremelgassem os olhos e
os pedissem.
Não
sei o que o velhote das barbas levará ao catraio. Espero que algo de melhor e
mais durável que isto, que ainda está inteiro porque tenho tido muito cuidado
no manuseio.
By me
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