domingo, 10 de novembro de 2013

Crónica fofinha do dia



Ainda que aos domingos se deva evitar ir aos supermercados, hoje dei-me jeito e fui.
Claro que encontrei por lá a enchente de gente que já esperava, apesar de estarmos a meio do mês, e não era fácil andar p’los corredores. Tanto mais que o comércio já está a fazer pontaria p’ro natal e os pirralhos vão com os pais e vão parando e andando devagar.
Num dos corredores, dobra uma esquina uma dupla: mãe e filho.
O garoto, com uns cinco ou seis anitos, estava à-vontade com o português, ao contrário da mãe que, apesar de não lhe faltar o vocabulário, tinha um muito acentuado sotaque de leste. Ucrânia, suponho.
E ouvi a mãe a dizer ao catraio:
“Agora não! Amanhã vamos a outra loja, que tem mais e podes escolher um maior ainda. Mas agora não!”
O pequenote é que não foi na conversa. Apercebendo-se que não ia ter sorte nenhuma hoje, não estava lá muito a acreditar no “amanhã”, e no “maior ainda” que lhe prometiam. E amarrou o burrinho: queixo enfiado no peito, lábio inferior estendido, braços firmemente cruzados.
Foi assim que se afastaram, p’lo corredor dos enlatados e conservas, de onde eu mesmo ia saindo.
Não sei de que se tratava, mas acredito que fosse um brinquedo, do respectivo expositor, lá mais ao fundo. E que os pedidos e as negações se vinham arrastando desde lá até às azeitonas, onde eu estava.
Talvez que uma motoca destas, comprada há uns dois ou três anos, no café aqui da rua. Ou um jogo. Ou um carro de bombeiros. Ou… ou algo que os gerentes de loja colocaram estrategicamente baixo p’ra que as crianças arremelgassem os olhos e os pedissem.

Não sei o que o velhote das barbas levará ao catraio. Espero que algo de melhor e mais durável que isto, que ainda está inteiro porque tenho tido muito cuidado no manuseio.

By me 

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