Comemora-se
hoje, creio, o armistício ou, se preferirem, o fim da Grande Guerra.
Chamou-se
assim, à época, porque foi a maior que o mundo de então viu: em área em armas,
em gente envolvida, em vítimas…
Mais
tarde passou a chamar-se a primeira guerra mundial, já que adveio a segunda.
Também mundial.
Nos
dias de hoje decorre a terceira. A terceira guerra mundial. Com a diferença de,
no lugar de balas e bombas, usar moedas e ratings. Mas o efeito é o mesmo:
cobertura mundial, milhões de vítimas inocentes, consequências catastróficas e
bem para além de uma geração… Olhe-se em redor e observar-se-á o campo de
batalha.
Em
qualquer dos casos, qualquer uma destas guerras foi ou é seguida com muita atenção
pelos media. Afinal, as batalhas, os números, as vitórias e as derrotas são o
de alimento os media têm.
Mas,
por muito que se estranhe, não foram nenhuma delas a primeira guerra que
encheu, à medida do seu tempo, os jornais.
As
duas primeiras guerras que encheram os jornais, com relatos, despachos (como
então se chamavam) e algumas fotografias aconteceram no médio oriente e no
continente norte americano.
Refiro-me
à guerra da Crimeia, que envolveu de um lado uma coligação composta pelo Reino
Unido, França e o Reino da Sardanha, juntos com o Império Otomano e do outro o
Império Russo – 1853-1856. E refiro-me à guerra civil americana, também chamada
de guerra da Secessão – 1861-1865.
A
fotografia, à época, tinha poucas dezenas de anos. Os seus processos, tanto de
equipamento como de processamento, faziam com que os fotógrafos de guerra se
fizessem transportar em carroções onde não apenas preparavam os negativos como
os revelavam de seguida. Pouco prático e pouco portátil.
Por
isto mesmo, as imagens destas duas guerras – das primeiras a serem fotografadas
– não são aqueles instantâneos a que estamos habituados, com a guerra a
decorrer e muito pouco romântica. São imagens estáticas, por vezes parcialmente
encenadas, com o fito de, tal como hoje, mostrarem o que acontece nas frentes
de combate ou nas linhas de retaguarda.
No
entanto, e bem curioso, já então como agora as abordagens feitas pelos fotógrafos
no local eram muito influenciadas pelas opiniões manifestadas pelos leitores
dos jornais.
Se
a guerra da Crimeia foi mostrada como um local onde, apesar de em guerra, as
tropas não passavam mal, já a guerra da Secessão foi mostrada como sendo uma
carnificina.
Que,
se na primeira haveria que tranquilizar os familiares dos soldados na frente e
justificar o envolvimento daqueles países num conflito distante, já na segunda
haveria que demonstrar o horror de uma guerra fratricida, dividindo um país.
É
interessante observar as imagens produzidas num e noutro local à luz dos seus
objectivos.
Um
exemplo das feitas na guerra da Secessão é este: intitulada “Harvest of death”
(colheita de morte), foi feita em 1863 por Timothy H. Sullivan, dois dias
depois da batalha de Gettysburg.
Não
há guerras bonitas ou limpas. E desde cedo os fotógrafos o mostraram. Com mais
ou menos floreados, de acordo com os editores ou directores dos jornais ou
outros para que trabalham.
E,
sejam grandes ou pequenas, mundiais ou regionais, o resultado é sempre este.
Texto: by me
Imagem: By Timothy H Sullivan
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