quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O fio de água



Num recente encontro de Esquerdas, a figura mais mediatizada foi Mário Soares.
Num outro evento a acontecer em breve, a figura homenageada – que afirma não ir estar presente por uma questão de modéstia – será Ramalho Eanes.
Aconteceram, nas últimas semanas, eventos políticos e culturais a celebrarem o aniversário de Álvaro Cunhal.

Cada um destes foi ou é figura grada no panorama político nacional. À sua maneira, com o seu próprio pensamento e forma de agir. E personalidade.
E sabemos que a idade trás sabedoria. Pela prática e pela meditação. Podemos não concordar com as suas práticas ou teorias, mas têm-nas.
E faz sentido procurar nelas algum daquele conhecimento que os mais novos não atingiram ainda. Porque não viveram. Porque ainda não pensaram.
Mas, caramba, se procurarmos apenas nos mais velhos as soluções do futuro nunca iremos ter outra coisa que não seja a repetição do passado!
Que as circunstâncias são outras, os actores são outros, os desafios são diferentes.
Onde estão os personagens de hoje, jovens ou já nem tanto, que sejam capazes de construir o futuro sem replicar o passado? Onde estão aqueles que, bebendo no que foi, fazem hoje o que se beberá amanhã? Onde estão as novas ideias?
Temos um país e uma sociedade que está a regredir em termos de condições sociais, económicas e, até, legislativas. Um regresso a um passado adaptado, em que as evoluções técnicas e tecnológicas permitem um replicar daquilo que foi combatido e ultrapassado durante quase dois séculos.
Se não encontrarmos novas soluções para travar estas nova forma de escravatura e submissão de todos a uma minúscula minoria económica e politicamente poderosa, será garantido que nos veremos, em breve, nas mesmas condições laborais, políticas e económicas do início da revolução industrial e o que se lhe seguiu.
É importante sabermos como foi feito e acarinharmos os que o fizeram. Mas se não encontrarmos o nosso próprio caminho hoje, o seu trabalho e contribuição terão sido inúteis.
Precisamos de ter, hoje, figuras que possamos homenagear amanhã!


By me

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