É
uma cumplicidade gostosa de se ver.
Naquele
entretanto que separa um cafezinho do primeiro mergulhar no trabalho, ou
naquele outro que se segue a um almoço comido razoavelmente a correr, ver esta
gata, matrona e decana lá onde trabalho, se aproximar de algumas pessoas.
Só
de algumas, que tal como os humanos, também tem os seus gostos.
E
é interessante ver como as reconhece à distância e para elas caminha, com a
calma de se saber no seu território e de saber que os afagos são garantidos.
É
ela “selvagem”, na medida em que não habita em nenhuma casa. É ela “selvagem”,
na medida em que o seu território está bem demarcado e não aceita intrusos,
seja na relva seja nos arbustos. É ela “selvagem” na medida em que foi a única
que se não deixou apanhar aquando de uma campanha de esterilização que aqui
decorreu. Por muito que se esforçassem p’la fome e engodo os que o tentaram.
Mas
é uma doçura ver a terapia de carícias recíprocas que diariamente acontecem, não
sabendo eu quem, se alguém, mais lucra com elas.
E
eu fico invejoso. Só raramente se aproxima de mim ronronando para umas
marradinhas, roços ou festas. Que não nego nem forço, que o seu direito a
preferências é igual ao meu.
Mas
bem que gostaria de mergulhar nos gammas e knees, fibras e servs, flares e
contrastes, com a tranquilidade que vejo na cara desta minha colega depois
destes minutos de intimidade pública.
Poderia
optar, como tantos outros fazem, por ter um em casa. Não o faço!
Que
não me sinto no direito de obrigar um gato (ou um cão, ou um canário, ou mesmo
um peixe) a viverem dentro de quatro paredes, cobiçando o exterior e impedidos
de a ele acederem. Se não o quero para mim, não o imporei a outros.
Quando
ela, a gata, de mim se aproxima para que nos partilhemos, fico a saber que
ganhei o direito a viver um pouco mais.
By me
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