Há
cinco anos publiquei eu este texto.
Hoje,
apesar de uma referência temporal muito precisa, continua a ter um absurdo de actualidade.
Lamentavelmente!
Confesso
que até nem queria tocar no assunto. Tantos e tão ilustres nacionais já se
pronunciaram sobre o tema que a minha opinião corria o risco de ser uma
repetição, um “chover no molhado”. Sim, porque a questão é susceptível de
muitas e variadas entrevistas, depoimentos, sessões opinativas, protestos,
declarações, manifestações de intenções e criticas generalizadas.
Acontece,
porém, que sobre o assunto caiu uma espécie de manto pudico de silêncio e que,
após ter sido divulgado no dia e de uma ou duas personagens do panorama
político terem dito de sua justiça, não mais se falou na coisa. Nem os
políticos, de base ou de topo, vieram a terreiro dizer de sua justiça, nem os
media lhe tocaram, ao de leve que fosse. Que o tema é escaldante e mexer-lhe
pode ser perigoso.
Mas
é coisa que me não tem saído da cabeça, quase me impedindo de ver outros temas
e assuntos que nos cercam. Uma abordagem, outra abordagem, umas frases aqui,
outras ali, mas tem andado por cá quase que como monomania! Não me sai da
cabeça!
Não
me sai da cabeça que os políticos, tanto os que constituem o governo como os
que supostamente representam o povo no parlamento, redijam, publiquem e façam
aplicar leis e regulamentos sobre as relações laborais e que se esqueçam de as
aplicar sobre si mesmos.
Que,
queiram ou não eles, a verdade é que essas mesmas pessoas têm um emprego:
servir o país. E têm um patrão: o Povo Português! Gostem ou não, é aos cidadãos
deste país que governantes e deputados têm que prestar contas e que perante
eles assumiram o compromisso de respeitar e fazer respeitar as leis. Que eles
mesmos redigem e publicam!
Refiro-me,
no caso em concreto, às faltas de comparência que alguns deputados cometeram a
semana passada, numa reunião no parlamento, ao que me recordo numa comissão.
Tantos foram que a dita reunião teve que ser adiada por falta de quórum.
Caramba!
O ofício destes senhores e senhoras é estar ali, participarem nas reuniões e
tomarem decisões. Que para isso foram mandatados ou, se preferirem, contratados
por todos nós, aquando das eleições.
Não
estarem presentes, com desculpas esfarrapadas ou mesmo sem elas, é uma quebra
de compromisso – político e laboral. E, em qualquer empresa ou organização
deste país, esta quebra ou infracção disciplinar é passível de processo interno
que, em ultimas consequências, pode levar ao despedimento. São estas as regras
que estes mesmos senhores e senhoras aprovaram para os comuns dos seus
concidadãos. E que quem contrata faz aplicar sem esperar muito e, por vezes,
com rigores extremos.
Mas
acredito que estes senhores e senhoras, eleitos pelo povo, se considerem acima
das leis comuns que aprovaram e fazem cumprir. Vai daí, estar ou não presente
nas sessões plenárias ou nas comissões é algo que deverá agradar e satisfazer o
partido pelo qual foram eleitos, independentemente da satisfação ou opinião
daqueles que eles mesmo representam. Despedir um deputado está fora de questão,
mesmo que não cumpra o seu mandato de acordo com o que foi prometido e
assumido. O mais que lhe pode acontecer é ser censurado pelo líder parlamentar
ou pelo topo do aparelho partidário. E, com uma palmadinha nas costas
paternalista, dizerem-lhe: “Vê lá se te portas bem, senão nas próximas eleições
perdes a posição elegível ou nem sequer estás nas listas.”
Por
outras palavras, “Se não te portas bem perdes o tacho nas próximas eleições.”
Só
que, caramba!, eles são trabalhadores assalariados, como a maioria dos
portugueses, com deveres para com os seus empregadores. E se não os cumprirem,
são liminarmente despedidos.
Portugal
não é uma coutada privada de uns quantos deputados e governantes! Que se
aplique a deputados, ministros, presidentes ou autarcas a mesma lei que
souberam aprovar para os restantes Portugueses: Se faltas, se és desonesto ou
se não trabalhas bem, rua! Agora! E não aquando de uma eventual renovação de
contracto!
Que
nós, os Portugueses, somos mesmo todos iguais em direitos e deveres. E aqueles
que fazem questão de não o serem arriscam-se a ser, bem mais cedo do que
poderiam esperam, iguais aos seus antepassados: mortos e enterrados!
PUM!
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário