Na esmagadora
maioria dos negócios, ambos o querem: um quer vender, o outro quer comprar.
Para definir o
valor daquilo que está a ser negociado foi inventado, há muitos séculos, o
dinheiro. Suponho que quando se fala no pecado original se esteja a falar
disso.
Que, baseado no
dinheiro, todos os negócios se tornam frios, sem qualquer emotividade. O
comprador, ao ver um bem que pretende, entrega de volta o valor fiduciário estipulado
pelo vendedor. Eventualmente com algum regateio, mas é assim que funciona.
Mas há um outro
tipo de negócio, bem apreciado pela canalha miúda, que se chama troca. Cada um
quer um objecto que o outro possui e é um toma-lá-dá-cá, bem por bem.
Eventualmente a raridade de um deles fará com que por um bem se receba ou
entregue mais que um exemplar do outro, mas será sempre objecto por objecto,
com uma equivalência de valores calculada por ambos mas em referencial externo.
Para satisfação das partes.
Sem pecado
original.
Mas creio ter
encontrado a quinta essência do negócio. Um toma-lá-dá-cá em que as partes não
sabem com rigor o que vão receber. Mas que, em terminado o negócio, ambas estão
satisfeitas. Sem avaliações nem comparações prévias ao que está a ser trocado.
Em que o único valor que está em causa é cada uma delas dar e receber o que
necessita e tem. Apenas isso.
O meu projecto de
troca assim se baseia e nem eu esperava que fosse tão longe.
Quem comparece
sabe que vai aprender algo sobre fotografia. Não sabe que aspecto técnico ou
estético ou filosófico da fotografia irá aprender.
Pela minha parte,
peço apenas que seja algo feito pelo próprio. Nem desconfio o que possa ser
trazido
Sei, por aquilo
que oiço e vejo, que o que é trazido para estes encontros é pensado com cautela,
escolhido com esmero e, afirmo-o sem correr o risco de me enganar, feito e
entregue com afecto.
Por mim, organizo
conteúdos e métodos, pensado no que podem ou não saber e até que ponto o que
lhes possa transmitir lhes pode ser útil. E avanço de acordo com as
necessidades e características de cada um dos presentes.
O que tem
acontecido, bem mais que receber, bem mais que trocar, é dar. Sem negócio pelo
caminho nem valores equivalentes.
No caso de hoje
falámos de luz e medições, do “japonês inteligente que vive nas câmaras” e de
algumas formas de o pôr a trabalhar para nós como queremos que ele trabalhe.
Em troca recebi um
desenho feito por um jovem participante, um marcador de livros feito com uma
fotografia original e dois potes de marmelada diferentes.
Mas estou em crer
que quem ganhou com este “negócio” fui eu. Que o ver os participantes, os previamente
combinados e os que apareceram entretanto, com aquele brilhinho especial de
quem descobriu algo de novo…
Na imagem, apenas
os potes. Que tenho que os fotografar antes de os saborear. Quanto aos outros,
esses vão para aquele cantinho especial que tenho e que creio que todos têm.
Mesmo que o não confessem, até porque não é nem política nem economicamente correcto
afirmar que se está a usar o sistema para derrubar o sistema.
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