sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Tempo e abertura




Não sou profissional da fotografia. Não ganho dinheiro com fotografia – só gasto – e não faço concorrência de espécie alguma a quem faz da fotografia o seu modo de vida. Já o fiz, em tempos recuados, mas deixei-me disso.
No entanto, todos os dias fotografo. Várias, muitas vezes se possível. Com uma DSLR, com uma compacta de bolso, com o telemóvel. Digital ou película. Desde que faça fotografia, eu uso.
E todos os dias publico na web algumas das fotografias que faço. No FB, no flickr, num blog. Públicos diferentes, diferentes meios.
Obviamente que com tanta imagem produzida e publicada, muita não será de grande qualidade. Senão toda mesmo. Que uns dias estou mais “inspirado”, outros é só mesmo para não perder o hábito.
Mas há um hábito que não perco. E estou em crer que, desde que o assumi, muito foi o que aprendi:
Manter num monitor, aqui em casa, uma das que fiz no dia ou na véspera. Até que termine o dia e a substitua por uma nova. Faz isto com que para ela olhe muitas vezes, com espíritos diferentes, umas vezes mais crítico, outras mais condescendente, umas vezes apenas passando os olhos, outras vendo-a demoradamente.
Conduz-me isto a analisar mais demoradamente o que faço, a encontrar mais defeitos, a produzir justificações para as opções tomadas e a regista-las como positivas ou negativas. Um processo de aprendizagem em circuito fechado, se assim se pode dizer.
Mas que funciona. Certas coisas deixei de fazer, outras assumi-as como hábito, outras ainda guardei-as como recurso para situações especiais.
A velocidade com que se produz e consome fotografia, nos tempos que correm, leva-nos a nem sequer digerir o que fazemos, quanto mais os trabalhos dos outros. Parar para pensar e produzir uma auto-crítica construtiva é, no mínimo, o que se pode exigir a quem pratica algo de que gosta. Fotografia ou vida.

Texto e imagem: by me

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