domingo, 1 de janeiro de 2012

As tradições já não são o que eram!





Lembram-se do Bolo-Rei? E de procurarem na sua superfície castanha, coberta de frutas cristalizadas e açúcar de pasteleiro, indícios sobre onde poderia estar a fava ou o brinde?
Pois as autoridades sanitárias acabaram com isso e nem brinde nem fava, aquela que obrigava o azarento a pagar o bolo do ano seguinte. E lá se foi a tradição.
Tal como se foi a tradição de encontrar numa esquina aqui do bairro, todos os primeiro de Janeiro, um ou mais sapatos abandonados.
Alguém me alvitrou que essa regularidade se deveria a uma qualquer tradição de um qualquer migrante que por aqui residisse. Que na passagem do ano se jogariam fora sapatos velhos.
Pois fosse qual fosse o motivo, certo é que a tradição já não é o que era e já ali se não encontram sapatos caídos na rua. Cumpri eu a minha parte da tradição, indo até lá para os fotografar, mas nada de os encontrar.
Ou bem que já não há sapatos velhos ao dispor; ou bem que, com a crise, já nada se joga fora; ou então, muito mais simples, partiram para outras paragens, e com eles a tradição.
No pequeno périplo que dei pelo bairro, que já me arrisco a fazê-lo, este foi o único que encontrei, bem no meio de outra lixarada e junto a um contentor.
Porque algumas tradições ainda se cumprem, como seja o continuar a colocar lixo nos contentores, mesmo sabendo que na noite de passagem de ano não há recolha.

Texto e imagem: by me

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