Lembram-se do
Bolo-Rei? E de procurarem na sua superfície castanha, coberta de frutas
cristalizadas e açúcar de pasteleiro, indícios sobre onde poderia estar a fava
ou o brinde?
Pois as
autoridades sanitárias acabaram com isso e nem brinde nem fava, aquela que
obrigava o azarento a pagar o bolo do ano seguinte. E lá se foi a tradição.
Tal como se foi a
tradição de encontrar numa esquina aqui do bairro, todos os primeiro de
Janeiro, um ou mais sapatos abandonados.
Alguém me alvitrou
que essa regularidade se deveria a uma qualquer tradição de um qualquer
migrante que por aqui residisse. Que na passagem do ano se jogariam fora
sapatos velhos.
Pois fosse qual
fosse o motivo, certo é que a tradição já não é o que era e já ali se não
encontram sapatos caídos na rua. Cumpri eu a minha parte da tradição, indo até
lá para os fotografar, mas nada de os encontrar.
Ou bem que já não
há sapatos velhos ao dispor; ou bem que, com a crise, já nada se joga fora; ou
então, muito mais simples, partiram para outras paragens, e com eles a tradição.
No pequeno périplo
que dei pelo bairro, que já me arrisco a fazê-lo, este foi o único que
encontrei, bem no meio de outra lixarada e junto a um contentor.
Porque algumas
tradições ainda se cumprem, como seja o continuar a colocar lixo nos
contentores, mesmo sabendo que na noite de passagem de ano não há recolha.
Texto e imagem: by
me
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