Usando um slogan
publicitário nada novo, “Só há dois motivos para eu fotografar: por tudo e por
nada.”
Certo é que ora são
os insólitos que se encontram em tudo quanto é lugar, ora são detalhes de luz,
ora são imagens feitas para ilustrar algum pensamento em particular, ora é a
mera necessidade que quebrar a monotonia de um qualquer momento. Mas o registo
da luz acontece-me por tudo e por nada.
Esta parede,
empena de um prédio ali perto do Arco do Cego, em Lisboa. Nada tem especial.
Lisa, só com umas argolas de fixação de andaimes de obras, nada tem mesmo de
especial. Aliás, não creio que alguma vez a tenha visto por inteiro, já que o
espaço que a separa do prédio que a seu lado existe está bloqueado por um portão,
que é um acesso particular às traseiras de ambos.
No entanto, esta
parede lisa é, provavelmente, a parede que mais fotografei nos últimos tempos.
Tem calhado ali
passar a caminho de um restaurante que lhe fica quase em frente, ou a caminho
de um jardim mais longe na rua ou apenas de saída de uma boca de Metro. E tem
calhado ali passar quando o sol nos mostra, nesta empena nua, estas sombras de
um telhado que nem sequer é visível da rua.
Por um qualquer
motivo este jogo de luz e sombras me atrai irresistivelmente e sou incapaz de
para ele olhar sem o fotografar.
Igualmente curioso
é que vejo isto a alturas diferentes da parede em alturas diferentes do ano e
em horas diferentes, como é óbvio para qualquer um que saiba que o sol não percorre
o mesmo caminho no céu todos os dias.
Esta é uma
daquelas fotografias que faço por tudo e por nada ou, muito mais simplesmente,
apenas porque me apetece.
Vá-se lá entender
os mecanismos emocionais de um fotógrafo!
Texto e imagem: by
me
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