Estava ali, mesmo
no fim do banco. Muito arrumadinho.
O carrinho de bebé
já não tinha aspecto de novo. Mas tinha ar de ainda ser capaz de aguentar com o
crescer de pelo menos mais uma criança, que a alcofa, para além de um pouco
suja, estava inteira, os veios das rodas não estavam empenados e a única coisa
que parecia não estar em condições era o sistema de dobragem para transporte.
Talvez que tivesse
sido isso mesmo – o já ser muito difícil abrir e fechar o carrinho – bem como a
eventual idade da criança ali transportada, que tenha levado a que o tenham ali
deixado.
Porque o carrinho
de bebé estava notoriamente abandonado. Aqui mesmo, no terminal rodoviário do
Oriente, em Lisboa. Nada daquilo que se costuma ver num carrinho em uso lá
estava, nem se via por perto crianças ou pais que demonstrassem ser os
respectivos utilizadores ou donos.
Quando ali cheguei
para toma o autocarro que faria parte do trajecto para casa, dei logo com ele.
Mas a pressa era pouco, pelo que me deixei ficar, tentando confirmar se haveria
ou não alguém com aspecto de ser o dono.
Passados quarenta
minutos e dois cigarros, a resposta continuava a ser negativa.
E, pensando nos
tempos que correm e no útil que ele poderia ser para alguma família confrontada
com uma criança e sem meios, tratei de o empurrar e descer o piso inferior,
onde o deixei na esquadra de polícia ali existente.
O graduado que me
atendeu, para além de verificar se tinha alguma identificação e de observar que
já não estava em estado novo, disse que o guardariam à espera que o dono
aparecesse e que depois logo se veria.
Foi uma daquelas
ocasiões, raras, em que lamentei não ter carro, ou eu mesmo o teria levado a
uma junta de freguesia ou paróquia, que eles bem sabem as necessidades que
existem.
Quanto à
fotografia do carrinho? Não! Não a fiz. Foi uma daquelas ocasiões em que agir
foi mais importante que fotografar. E só depois de entregue me lembrei de fazer
o registo.
Talvez não seja eu
fotógrafo.
Texto e imagem: by
me
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