Fugi aos contínuos
do Liceu.
Era o jogo do gato
e do rato, na distribuição de panfletos contra a guerra colonial. Panfletos em
que eu mesmo colaborava na sua escrita e reprodução.
Distribuí
“sebentas” copiadas de um livro, obrigatório para o antigo 5º ano do liceu e
que era estupidamente caro. Também esta tinha sido policopiada em stencil,
ainda que desta feita por um movimento de estudantes liceais, clandestino
naturalmente.
Em Abril de 74 eu
ainda não tinha completado 16 anos e, em chegando ao liceu e em sabendo que não
havia aulas pois que a revolução tinha rebentado, fui à procura dela na cidade.
Hoje fala-se na
censura nos media, na censura na web, no olhar por cima do ombro antes de se
ter certas conversas, nos avisos em que é melhor não escrever certas coisas nos
blogues ou nas antenas...
E já não são
apenas os bufos e os censores que agem, mas os portadores de cartões
partidários, alguns com cores várias por via de dúvidas, são os sobrinhos, os
compadres, os conhecimentos no sentido bíblico do termo, os angariadores de
mão-de-obra a prazo e semi-escravizada…
Cada vez mais
reconheço nos tempos que correm aquilo que pensava não tornar a ver e a viver.
Com a terrível
diferença de os militares não travarem hoje uma guerra de armas em riste nem
estarem a sentir a perda de privilégios.
Restará aos
portugueses, para evitar que se vá mais longe num rumo que muitos felizmente
desconhecem, pegarem eles mesmos nas armas – e a palavra também é uma arma – e fazerem
qualquer coisa que se veja. E que não apenas os desabafos nos faces e as
manifestações de fim-de-semana.
Ou isso ou, muito
em breve, terão que pensar duas vezes antes de contestar os actos de alguém,
não vá esse alguém ter um poder ou conhecimentos que desconhecem.
Texto e imagem: by
me
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