A
história passou-se em duas partes, com uns dias de intervalo.
Um
conhecido, em conversa de ocasião, contou-me ter ido com uma amiga a uma loja
de compra e venda de artigos usados.
Encontrava-se
ela em sérias dificuldades, depois de ter passado por uma situação realmente
dramática, e estava a vender um conjunto de objectos de informática e
fotografia.
Na
loja ofereceram-lhe 100 euros pelo lote.
“Por
esse valor”, ter-lhe-á dito ele, “fico eu com isso”. E fizeram o negócio.
Quando
ma contou, eu fiquei incomodado com a situação. Se a ideia era ajudar a amiga,
e considerando os valores em causa, sempre poderia ter dado mais qualquer
coisa, dez ou quinze euros por exemplo.
Mas
como não era nada comigo e conhecendo o meu interlocutor, nada comentei.
Eis
que agora ele me aborda. Sabendo-me ligado à fotografia, queria saber se eu
estaria interessado em comprar parte desse lote de objectos. No caso, uma câmara
fotográfica. Preço: 100 euros.
Ia-me
passando, mas consegui conter-me.
Que
se o objectivo era ajudar a amiga, tinha-se agora transformado em negócio puro
e duro. Com lucro para ele, naturalmente. Um bom e chorudo lucro.
E
as tais necessidades da amiga, fruto da situação dramática vivida, já não
contavam para nada.
Agora
digam lá se sou ou não um herói, ao ter mantido a traqueia e as vértebras
inteiras deste abutre sem penas?
By me
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