quinta-feira, 21 de março de 2013

Teoria da conspiração????




Toda a gente se está a pronunciar sobre o assunto. E eu não sou menos que os outros.
E o assunto é: o anúncio de um programa semanal de comentário político tendo como figura principal José Sócrates.
E, sobre isto, gostava de me debruçar não sobre ele, assunto, mas antes sobre os motivos que lhe deram origem. Ou, de outra forma, das consequências que deste programa poderão advir e até que ponto elas poderão ter (ou não) sido ignoradas.
Diz-se que o povo tem memória curta. Mas não tanto assim. E mais que isso, o actual governo tem feito o que pode para atirar parte da responsabilidade do que vai acontecendo por cá para o anterior governo. Para José Sócrates, portanto.
É assim que o antigo primeiro-ministro é razoavelmente mal visto pela população portuguesa, a ponto de, em se referindo o nome de “Pinóquio”, ainda hoje ser conotado com ele. Mesmo quase dois anos passados sobre o seu afastamento do poder.
E, de igual forma, não desapareceu por completo da memória o desempenho enquanto engenheiro municipal, nem a sua licenciatura, nem o caso Freeport…
José Sócrates não é, de todo, uma pessoa bem querida do povo português. Não lhe foi dado o benefício do olvido ou do perdão. Ainda não houve tempo para isso.
Que vantagens haverá, então, com o seu regresso aos ecrãs?
Audiências televisivas não será, certamente, que muito bom português mudará de canal de cada vez que vir a sua cara.
Também não será para limpar a sua imagem. Não passou tempo para isso e não será apenas o comentário à actividade dos que estão no lugar que ocupou e de onde foi afastado que o conseguirá.
Não creio que seja para tentar reconciliar os portugueses com o seu partido. Dentro dele não deixou grandes recordações, nas bases e nas cúpulas e quanto mais José Sócrates estiver associado ao partido socialista, menos simpatias este terá.
Mas é curioso que a cada desvantagem que enumero consigo ver que cada uma delas e o seu todo são vantagens e/ou trunfos para alguém. Exactamente para os seus adversários politico-partidários. Ter José Sócrates nos ecrãs é canalizar sobre ele e o seu partido as raivas e desagrados dos cidadãos, desviando-as de Pedro Passos Coelho e do partido que o suporta na Assembleia da República.
Por outras palavras: ter Sócrates na tv é vantagem para Coelho.
Mas esta vantagem serve para…?
Sem considerar a contestação popular, cada vez mais activa, que tem um bode expiatório já conhecido e que pode aliviar a pressão sobre o governo, podemos pensar que se aproximam eleições autárquicas.
Tal como podemos pensar que este governo pode não cumprir todo o seu mandato. Podemos pensar nós e com todo a certeza já o pensaram tanto governo como oposição. E que será particularmente útil começar já a retirar credibilidade à alternativa habitual das forças no poder.

Será tudo isto uma teoria da conspiração? Talvez!
Mas somados estes factores, com outros que são do conhecimento geral sobre os comportamentos de políticos e seus vassalos, talvez que não seja tão disparatado quanto isso. E sabemos que entre políticos e vassalos sempre aconteceram relações perigosas.

Resta considerar que, no meio de tudo isto e se for verdade, José Sócrates estará a ser usado contra o seu próprio partido. Também isso me não espantaria, sabendo o que é poder e ego, e como o segundo pode inchar para atingir o primeiro.

By me 

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