A notícia diz que o alegado terrorista foi
abatido pela polícia belga.
Continua esclarecendo que o homem já estava
referenciado pelas autoridades belgas e francesas, que não terá parado numa
operação stop, que terá tentado atropelar os agentes e que disparou sobre eles.
E recorda-me esta notícia um episódio a que
assisti há uns anos:
Tinha surgido um despacho de uma agência
noticiosa informando que o então líder do Hamas tinha morrido na sequência de
disparos de mísseis de um helicóptero Israelita. Quem leu o despacho gritou
para o resto da redacção “Assassinaram o Fulano!”
A pessoa que ocupava então o segundo lugar
na hierarquia levantou-se e corrigiu_ “Assassinaram não! Abateram!”
E foi desta forma que o assunto foi
tratado.
O que aqui esta em causa – que eu ponho em
causa – não é o acto em si. É o verbo usado par o descrever.
Abater. Assassinar. Matar.
São todos mais ou menos sinónimos entre si.
Mais ou menos.
O verbo “matar” descreve o facto “de per si”,
sem acrescentar nada, de positivo ou negativo. As conclusões morais sobre o
acto ficam para quem ler.
Já o verbo “Assassinar” tem uma conotação
negativa. Condenamos o assassínio, temos penas pesadas para tal. O assassinato
não se faz.
Por seu lado, “Abater” tem uma abordagem
positiva. Ainda que seja “matar”, sugere legitimidade ao acto, sugere que seria
um dever de ser feito, sugere que, apesar de ter morrido ainda bem que tal
aconteceu.
Os verbos “abater” e “assassinar” são
termos que, ao serem usados, influem na opinião de quem ouve, ou demonstram
opinião de quem os usa.
Um jornalista – da imprensa, da rádio, da
tv ou da net – que os use não está a dar bom cumprimento ao juramento que fez
sobre o código deontológico. Nem a prestar um bom serviço ao seu empregador ou
ao público.
E o aprender a ler e interpretar aquilo que
nos é colocado em frente dos olhos, sabendo distinguir o trigo do joio, deveria
ser obrigatório e intensivo, desde o jardim-escola.
By me
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