É
uma daquelas verdades mais ou menos insofismáveis:
O
cidadão comum Português está descontente com a forma como o país está
governado!
Mas
a sua insatisfação vai bem mais além que os actos e decisões dos governantes: não
está satisfeito com a classe política no seu todo: ministros, deputados,
partidos políticos.
O
que mais se ouve nas ruas, nos cafés, nos postos de trabalho, é “Eles estão lá
para se encherem!” ou “São sempre os mesmos, isto não há volta a dar!”
E,
provavelmente, o cerne da questão está nesta última afirmação: “São sempre os
mesmos”.
Efectivamente,
os ministros são escolhidos a partir do grupo parlamentar mais representado na
Assembleia da República. Por sua vez, os grupos parlamentares são resultado das
listas de candidatos apresentados a sufrágio pelos partidos políticos.
Por
outras palavras, o governo é sempre uma escolha entre os líderes dos partidos
políticos.
O
que se ouve ao cidadão comum é um protesto contra os partidos políticos que têm
tido assento no parlamento, com ou sem poder governativo.
E
estes, nos últimos quinze anos, têm sido sempre os mesmos.
Donde,
uma alternativa ao actual estado de descontentamento dos cidadãos sobre a gestão
da coisa pública – sua – é colocar no parlamento gente que não destes partidos
políticos.
Outra
alternativa, por muitos aventada e discutida, é poder haver candidatos ao
parlamento que não estejam integrados em nenhuma organização partidária.
Acontece
que a lei fundamental – a Constituição – define que só se podem candidatar ao
parlamento listas de partidos políticos.
O
que leva a concluir que os cidadãos – o povo – não concorda com parte do que
está definido na Constituição. Lei esta que gere todas as outras existentes no
país.
Acontece
também que a mesma constituição define que as alterações à Constituição só
podem ser feitas em sede parlamentar. Ou seja:
Terão
que ser os partidos políticos a legislar sobre o fim da hegemonia dos partidos
políticos. Impossível!
De
uma forma mais simples e radical: nunca será possível, num quadro legal, que os
cidadãos sejam representados parlamentarmente que não pelos partidos políticos.
Um
círculo vicioso.
Provavelmente
terão que ser tomadas medidas, à margem da lei, para que a lei seja alterada e
os cidadãos – o povo – se sinta representado pelos que o governam.
Se
essas medidas serão pela força das palavras, por força de actos ou por actos de
força, será o que o futuro dirá. Mas não creio que venha a ser pacífico.
By me
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