Uma das perguntas
que oiço com mais frequência é “Que câmara recomendas?”
A minha resposta,
se tenho alguma confiança com quem fala, é em regra algo deste género “Todas e
nenhuma!”, seguida de umas perguntas “Qual o orçamento disponível, que tipo de
fotografias queres fazer?”
É que tenho para
mim que não há câmaras multi-uso, válidas para todas as circunstâncias.
Multi-usos mesmo, quase perto da perfeição, só mesmo o canivete suíço e o
isqueiro Zippo.
Do meu ponto de
vista, a fotografia nasce dentro do fotógrafo, que vê com os olhos da cara e
com os olhos da alma o que está à sua frente e imagina como quer que isso fique
registado, usando para tal a ferramenta que possui. Neste processo, o
conhecimento das capacidades da sua ferramenta – a câmara e o tratamento
posterior – é vital!
Distâncias focais
e de foco, profundidades de campo e sensibilidades, acesso e flexibilidade dos
respectivos comandos, suporte final, peso, volume, sustentação…São estes alguns
dos factores que condicionam o seu uso.
Para alguém que
não os saiba, todas as câmaras são inúteis, caras e complicadas. Para quem os
conheça e saiba tirar partido do que dispõe, todas as câmaras são boas.
Havia, em tempos
recuados, um anúncio televisivo já não sei a quê que usava da seguinte frase
“Não mate leões com fisga nem moscas com carabina!” No caso da fotografia,
poderia eu dizer: “Não faça reportagem de guerra com view-camera nem macro de
natureza com compacta!”
Mas não significa
isto que não seja possível! Faz muito que não trabalho com grande formato e
nunca estive em situação de conflito armado.
A fotografia que
acompanha estas linhas foi feita em 2004 com a já descontinuada Olympus Z3030,
compacta de 3,3 MP, com uma objectiva de três vezes e com todos os controlos
manuais (tempo, abertura, foco, etc.) dependentes do uso de cinco botões. Mais
ainda, a verificação manual de foco é feito no visor de LCD, sempre com uma
aumento digital da imagem e um rigor muito pouco exacto.
No entanto, a
familiaridade com a câmara permite ultrapassar a maioria das dificuldades. No
caso, ela estava colocada num tripé, o caule da flor fixo com uma mola de roupa
sustentado por um braço articulado improvisado e agarrado no tripé e a garantia
de foco feita com uma fita métrica e não pelo visor.
Os fabricantes de
equipamento fotográfico tentam simplificar os processos, compactando as câmaras
e automatizando-as, criando os modelos a que hoje chamam de “Bridge”. Criam
aquilo a que eu chamo de “Câmaras à prova de idiota”, em que os automatismos se
substituem ao fotógrafo. Mas ainda não criaram um modelo de fotógrafo à prova
de câmara.
Fotografar significa,
antes de mais, conhecer o assunto e a ferramenta e antecipar o resultado final.
O resto é uma questão de prática e de luz.
Divirtam-se e
aproveitem-na bem – a luz!
Texto e imagem: by
me
Sem comentários:
Enviar um comentário