Esquadra de polícia
cá do bairro, ontem. Motivo: formalização de queixa contra desconhecidos por
agressão.
Sou conduzido a um
gabinete “privado” onde, se fosse caso disso, poderia carpir todas as mágoas
privadas de agressão conjugal, ou violação, ou qualquer outra coisa que
quisesse manter na esfera privada. Mas não era.
Não era um caso
desses para manter em privado (não tenho vergonha do que me aconteceu) nem o
gabinete era privado. Que é nele que está instalada a única impressora em
funcionamento da esquadra.
E, enquanto ia
contando o sucedido ao agente que me atendeu (que até me conhecia do Jardim da
Estrela, vejam-se as coisas) e ele ia escrevendo no teclado, ia eu apostando
comigo mesmo sobre o próximo a entrar: Fardado ou à civil? Homem ou mulher? Quantas
folhas teria mandado imprimir? Ganhei algumas.
A dado passo entra
um agente, fardado e novato, a ponto de quase se lhe sentir o cheiro a depósito
do fardamento, a perguntar onde seria uma dada rua. A essa sabia eu responder,
que é perpendicular àquela onde moro. Aliás, mais parece uma praceta que uma
rua, mas enfim.
Em saindo ele,
comenta o que estava comigo que ir ali é quase diário, devido aos
estacionamentos abusivos. Ou não passa o camião do lixo, ou não passa a
camioneta de passageiros, ou há carros bloqueados… é um corrupio!
Alvitrei eu que a
solução passaria por irem lá, de quando em vez, rebocar todos os que assim
incomodam. Em dois, três, meses, ficariam todos com a lição aprendia.
A resposta
deixou-me siderado:
“Sabe, no concelho
de Sintra não temos reboque. Quando é mesmo preciso, pedimos a Cascais ou à
Amadora que nos empreste um. Mas, mesmo que tivéssemos, o serviço seria tanto
que cedo estaria como a maioria das viaturas que cá temos: encostadas, à espera
de reparação. Que se já não estão na garantia vão ficando assim. Em qualquer dos
casos, mesmo que tivéssemos um reboque e que estivesse no activo, não temos parque
para viaturas rebocadas. As que cá estão e nos entopem são as furtadas ou que
estiveram envolvidas em actividades ilícitas e que estão às ordens do tribunal.
Em casos como este, ocupação da estrada, vamos lá, autuamos e tentamos
encontrar o condutor para que o retire. Nada mais.”
Aquele gabinete “privado”
serve para que, se dos dois lados da mesa estiverem bem dispostos, ambos
carpirem as suas mágoas!
Texto e imagem: by me
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