sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Estacionadinho da Silva




Esquadra de polícia cá do bairro, ontem. Motivo: formalização de queixa contra desconhecidos por agressão.
Sou conduzido a um gabinete “privado” onde, se fosse caso disso, poderia carpir todas as mágoas privadas de agressão conjugal, ou violação, ou qualquer outra coisa que quisesse manter na esfera privada. Mas não era.
Não era um caso desses para manter em privado (não tenho vergonha do que me aconteceu) nem o gabinete era privado. Que é nele que está instalada a única impressora em funcionamento da esquadra.
E, enquanto ia contando o sucedido ao agente que me atendeu (que até me conhecia do Jardim da Estrela, vejam-se as coisas) e ele ia escrevendo no teclado, ia eu apostando comigo mesmo sobre o próximo a entrar: Fardado ou à civil? Homem ou mulher? Quantas folhas teria mandado imprimir? Ganhei algumas.
A dado passo entra um agente, fardado e novato, a ponto de quase se lhe sentir o cheiro a depósito do fardamento, a perguntar onde seria uma dada rua. A essa sabia eu responder, que é perpendicular àquela onde moro. Aliás, mais parece uma praceta que uma rua, mas enfim.
Em saindo ele, comenta o que estava comigo que ir ali é quase diário, devido aos estacionamentos abusivos. Ou não passa o camião do lixo, ou não passa a camioneta de passageiros, ou há carros bloqueados… é um corrupio!
Alvitrei eu que a solução passaria por irem lá, de quando em vez, rebocar todos os que assim incomodam. Em dois, três, meses, ficariam todos com a lição aprendia.
A resposta deixou-me siderado:
“Sabe, no concelho de Sintra não temos reboque. Quando é mesmo preciso, pedimos a Cascais ou à Amadora que nos empreste um. Mas, mesmo que tivéssemos, o serviço seria tanto que cedo estaria como a maioria das viaturas que cá temos: encostadas, à espera de reparação. Que se já não estão na garantia vão ficando assim. Em qualquer dos casos, mesmo que tivéssemos um reboque e que estivesse no activo, não temos parque para viaturas rebocadas. As que cá estão e nos entopem são as furtadas ou que estiveram envolvidas em actividades ilícitas e que estão às ordens do tribunal. Em casos como este, ocupação da estrada, vamos lá, autuamos e tentamos encontrar o condutor para que o retire. Nada mais.”

Aquele gabinete “privado” serve para que, se dos dois lados da mesa estiverem bem dispostos, ambos carpirem as suas mágoas!

Texto e imagem: by me

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