Conheço o espaço há,
pelo menos, dois decénios.
Boa comida,
simpatia de quem ali trabalha, não muito longe de casa, preços que, não sendo
do estilo do fast-food não são escandalosamente caros.
Volta e meia vou
até lá. Pelo prazer da comida e pelo conforto de me sentir quase que em casa.
E, muito curiosamente, estes dois factores têm contribuído generosamente para
alguma da minha verborreia.
O ser cliente
habitual tem as suas vantagens, como seja o saberem de antemão qual a mesa de
que mais gosto. E, quando cruzo a porta, sozinho ou acompanhado, vão-na logo
preparando.
Hoje não pôde ser.
Estava mais comprida que o normal e com o dístico de reservada. Pediram-me
desculpa, como se fosse coisa muito grave, e acabei numa outra, do outro lado
da sala.
A comida veio e
fui-me entretendo com ela e com os meus pensamentos (que desta feita não foram
tão profícuos quanto o costume), até chegar a altura da sobremesa. Aí fiz parar
tudo, que sei terem eles uns doces novos, feitos à base de um ingrediente não
muito comum, e queria dele tirar o máximo: alfarroba.
Já tinha provado o
doce de fios de ovos, amêndoa e alfarroba, de se lhe tirar o chapéu. Desta vez
foi a mousse de alfarroba, igualmente deliciosa.
E torna-se bem
mais estranho quanto o ter conhecido este fruto em pequeno, que o meu avô
tinhas alfarrobeiras. E o que delas colhia seguia ou para a indústria farmacêutica
ou para os porcos, que outro uso lhe não davam.
Pois quando estava
dar uso à colher e ao palato, constato que quase todas as mesas estavam já
ocupadas, ao invés do que se vê na fotografia. E algo me deixou de orelha
levantada: comum a todas as mesas a distribuição dos comensais: eles de um
lado, elas do outro. E estava a tentar perceber qual o fenómeno quando
gritaram, quase que uníssono “Golo!”
Pois, estavam
todos de frente para um muito grande televisor onde se exibia um qualquer jogo
de bola. E, como devem imaginar, a minha posição preferida neste restaurante é
exactamente de costas para o aparelho.
Ficou-me no
paladar a mousse de alfarroba, a ponto de ter recusado o café de remate, não
fosse ele apagá-lo.
Na imagem a sala,
antes de chegarem os fanáticos da bola e de chegar a comida. Antes mesmo de
provar o vinho que, como tudo na vida, tem que respirar um pouco.
By me
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