Apesar de não ter
carro ou carta de condução e de me deslocar em transportes públicos, não uso o
chamado “passe social”.
Uso, antes sim,
viagens pré compradas, em pacotes de dez, nestes cartões ou nos outros
existentes, o “Lisboa Viva”.
A minha despesa
mensal com esta opção é bem maior que se usasse passe, mas é uma escolha
consciente, que manterei enquanto me for possível.
Porquê? Bem, é uma
questão de coerência pessoal, que explico.
Ao contrário do
que foi divulgado por algumas transportadoras, fica realmente registado nas
maquinetas que fazem a obliteração que determinado bilhete, passe ou não,
iniciou ali a viagem. Tal como fica registado que terminou acoli, se houver que
usar o torniquete de saída.
Foi, durante algum
tempo, este registo desmentido, até que algumas transportadoras que quiseram
aderir a este sistema de bilhética se descaíram com alguns declarações sobre as
vantagens de a usar, entre as quais esse mesmo registo, para definir perfis de
passageiros.
E, mesmo que esse
deslize não tivesse acontecido, o facto de, recentemente, ter sido atribuído o
prémio de “passageiro frequente” nos transportes do Porto, tudo desmascara.
Acontece que
entendo que não tenho que “deixar rasto”, que deixar que alguém fique com os
registos das minhas deslocações privadas. Elas são privadas e continuo a fazer
questão disso.
E sendo que não
posso impedir por completo este novo big Brother” que se vai instalando, posso
protestar, posso subverter, posso alertar e posso, acima de tudo, não colaborar
no que me é possível.
A única
“inevitabilidade” que é inevitável será a morte. E, mesmo sobre isso, contam
que houve quem lhe tenha sobrevivido.
Donde, não uso
passe. E tenho que, com a regularidade que as minhas deslocações implicam,
recarregar os meus bilhetes.
Hoje, ao fazê-lo num
deles, constato que o que custava 10.5 € passou a custar 12.5€.
E aquelas duas
células cinzentas que reservo para matemáticas entraram em conflito.
É que ouvi
recentemente os nossos governantes afirmarem que o aumento inevitável dos
transportes públicos era de 5%. E as minhas contas dizem-me que este aumento
anda perto, mais coisa menos coisa, dos 20%.
Assim, uma de
duas: ou os nossos governantes mentiram, o que é impossível, já que são
considerados pela maioria dos eleitores votantes como pessoas de bem e
responsáveis qb para governar o país; ou a loja onde fiz o carregamento me
roubou, o que me parece igualmente pouco provável, já que emitiu factura legal
e tudo.
E se aos ladrões
havia o hábito de cortar uma mão, devíamos re-instalar este costume, como
também o de cortar a língua aos que mentem.
Talvez que as
televisões, rádios e jornais se tornassem muito mais fácil de suportar!
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