segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Estarei enganado?




Apesar de não ter carro ou carta de condução e de me deslocar em transportes públicos, não uso o chamado “passe social”.
Uso, antes sim, viagens pré compradas, em pacotes de dez, nestes cartões ou nos outros existentes, o “Lisboa Viva”.
A minha despesa mensal com esta opção é bem maior que se usasse passe, mas é uma escolha consciente, que manterei enquanto me for possível.
Porquê? Bem, é uma questão de coerência pessoal, que explico.
Ao contrário do que foi divulgado por algumas transportadoras, fica realmente registado nas maquinetas que fazem a obliteração que determinado bilhete, passe ou não, iniciou ali a viagem. Tal como fica registado que terminou acoli, se houver que usar o torniquete de saída.
Foi, durante algum tempo, este registo desmentido, até que algumas transportadoras que quiseram aderir a este sistema de bilhética se descaíram com alguns declarações sobre as vantagens de a usar, entre as quais esse mesmo registo, para definir perfis de passageiros.
E, mesmo que esse deslize não tivesse acontecido, o facto de, recentemente, ter sido atribuído o prémio de “passageiro frequente” nos transportes do Porto, tudo desmascara.
Acontece que entendo que não tenho que “deixar rasto”, que deixar que alguém fique com os registos das minhas deslocações privadas. Elas são privadas e continuo a fazer questão disso.
E sendo que não posso impedir por completo este novo big Brother” que se vai instalando, posso protestar, posso subverter, posso alertar e posso, acima de tudo, não colaborar no que me é possível.
A única “inevitabilidade” que é inevitável será a morte. E, mesmo sobre isso, contam que houve quem lhe tenha sobrevivido.
Donde, não uso passe. E tenho que, com a regularidade que as minhas deslocações implicam, recarregar os meus bilhetes.
Hoje, ao fazê-lo num deles, constato que o que custava 10.5 € passou a custar 12.5€.
E aquelas duas células cinzentas que reservo para matemáticas entraram em conflito.
É que ouvi recentemente os nossos governantes afirmarem que o aumento inevitável dos transportes públicos era de 5%. E as minhas contas dizem-me que este aumento anda perto, mais coisa menos coisa, dos 20%.
Assim, uma de duas: ou os nossos governantes mentiram, o que é impossível, já que são considerados pela maioria dos eleitores votantes como pessoas de bem e responsáveis qb para governar o país; ou a loja onde fiz o carregamento me roubou, o que me parece igualmente pouco provável, já que emitiu factura legal e tudo.
E se aos ladrões havia o hábito de cortar uma mão, devíamos re-instalar este costume, como também o de cortar a língua aos que mentem.
Talvez que as televisões, rádios e jornais se tornassem muito mais fácil de suportar!

By me

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