Há muitos, muitos
anos atrás, estava eu a gravar uma peça de teatro e esteve no estúdio um fotógrafo.
Nada demais, aliás
coisa corriqueira, que se não fosse um da casa seria um de uma revista para alguma
entrevista a um dos actores que ali estivessem.
Não sei o que o
levou lá, mas recordo algumas coisas muito especiais a seu respeito, que não o
nome:
Era homem para
rondar os quase 60 anos;
De origem britânica,
salvo erro;
Fotografava em médio
formato, uma Bronica se a memória me não falha;
Não tinha o braço
direito, do cotovelo para baixo.
Recordo ter ficado
boquiaberto com este último facto, bem como com as soluções técnicas que ele
tinha encontrado para fazer o seu trabalho. E uma admiração descomunal por ele
ali estar.
Agora vejo-me
imobilizado do braço esquerdo, com a vantagem de ser temporário (espero eu) e
de não ser canhoto.
Mas com a certeza
de que não será isso que me impedirá de continuar a fotografar, dentro das
limitações mas sem amarguras ou queixumes.
Esta é a primeira
dessa série limitada: uma cunha, factor indispensável na organização social e
económica portuguesa.
O cúmulo do
caricato, acredite-se ou não, é ter sido comprada numa “loja do chinês”, há
coisa de uma semana.
By me
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