Aquele lanço de
avenida com 150 metros com um ligeiro declive, mais estas duas rampas de acesso
do parque de estacionamento à entrada do supermercado, fazem-se em 7 a 8
minutos. Andando calmamente, como que em passeio.
Sei-o porque, só
para tirar as teimas, o cronometrei. E, se tal não tivesse feito, é o meu
trajecto habitual para ir às compras.
Pois ele disse-me
que leva quase hora e meia. Para o mesmo caminho.
Não me admirei! A
sua cadeira de rodas está velha, a sua perna esquerda, bem como o braço do
mesmo lado, estão imobilizados e desloca-se usando a perna direita para ir empurrando
a cadeira. De costas.
Quando chegámos lá
a cima propôs-me ele uma cervejinha.
Por entre o meu
tossir de fumador inveterado, recusei, dizendo-lhe que ainda ia almoçar. O que
era verdade.
Mas que não fosse,
ele há coisas que não aceitamos nem por pagamento nem por troca.
Mesmo que eu não
fosse ainda almoçar, mesmo que ele estivesse a nadar em dinheiro (e o seu
aspecto mostrava exactamente o contrário), quanto vale esta mais de uma hora
que lhe ofereci, este poupar de esforço que lhe facultei? Certamente que não é
uma cerveja. Nem mesmo a central de cervejas por inteiro.
Que a minha
satisfação em ali o ter deixado não tem preço, nem o trocava fosse pelo que
fosse.
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