segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Não troco nem vendo




Aquele lanço de avenida com 150 metros com um ligeiro declive, mais estas duas rampas de acesso do parque de estacionamento à entrada do supermercado, fazem-se em 7 a 8 minutos. Andando calmamente, como que em passeio.
Sei-o porque, só para tirar as teimas, o cronometrei. E, se tal não tivesse feito, é o meu trajecto habitual para ir às compras.
Pois ele disse-me que leva quase hora e meia. Para o mesmo caminho.
Não me admirei! A sua cadeira de rodas está velha, a sua perna esquerda, bem como o braço do mesmo lado, estão imobilizados e desloca-se usando a perna direita para ir empurrando a cadeira. De costas.
Quando chegámos lá a cima propôs-me ele uma cervejinha.
Por entre o meu tossir de fumador inveterado, recusei, dizendo-lhe que ainda ia almoçar. O que era verdade.
Mas que não fosse, ele há coisas que não aceitamos nem por pagamento nem por troca.
Mesmo que eu não fosse ainda almoçar, mesmo que ele estivesse a nadar em dinheiro (e o seu aspecto mostrava exactamente o contrário), quanto vale esta mais de uma hora que lhe ofereci, este poupar de esforço que lhe facultei? Certamente que não é uma cerveja. Nem mesmo a central de cervejas por inteiro.
Que a minha satisfação em ali o ter deixado não tem preço, nem o trocava fosse pelo que fosse.


Texto e imagem: by me

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