Por vezes
cometemos os maiores disparates a tentar resolver um a questão, estando a solução
debaixo do nosso nariz há muito tempo.
Procurei, e
bastante, um determinado artigo. Fui encontrando, em diversas lojas, vários
modelos parecidos mas não iguais ao que queria. E mesmo essa parecença não
servia para o que queria.
E fui explicando
aos vendedores o que queria, para que queria e perguntando onde poderia
encontrar aquilo que procurava. A resposta era, quase que invariavelmente, que
não sabiam onde, em alternativa, poderia eu comprar aquilo que não tinham.
Ontem mudei de
estratégia. Melhor dizendo, de terreno a bater. Deixei a baixa lisboeta, mais a
Almirante Reis, Martim Moniz, Morais Soares, Estefânia e arredores, e fui
directo para Alvalade. Bingo!
Não encontrei na
primeira, mas indicou-me outra loja ali no bairro; aí também não tinham, mas
deram-me a referência de duas outras lojas que poderiam ter; Destas, uma não
tinha, ainda que tivesse tudo revolvido e mandou-me para a outra, onde acabei
por encontrar o que procurava. Não exactamente, mas tão próximo que é como se
fosse. E diz-me a bela da senhora que sabia bem o que eu queria mas que teria
que esperar uma semana, que o vendedor vem às sextas-feiras e faria ela uma
encomenda.
Fiquei quase que apaixonado
pela senhora, pela simpatia e afabilidade, pelo conhecimento do que vendia e do
que poderia vender. Mas, pela loja, foi paixão à primeira vista.
E acabei por lhe
pedir para fotografar esta belíssima caixa registadora com 50 anos e que foi a
primeira e única que a loja teve. Comprada por ela para o estabelecimento,
quando a inaugurou. Pelo que me disse, tem sido cobiçada um sem número de
vezes, sendo que, e para além de dinheiro, já lhe ofereceram uma nova, toda
modernaça, para a troca.
“Nem pensem”,
disse-me. “Gosto dela, faz tudo o que eu quero, e nunca se avariou. Porque haveria
de mandar embora uma amiga fiel de longa data?”
Em Alvalade os
carros não andam depressa e respeitam os peões nas passadeiras. Os residentes
conhecem-se e cumprimentam-se à passagem. Os lojistas, ainda que querendo fazer
negócio, não deixam que se saia do bairro sem se ir satisfeito. E é difícil não
encontrar de tudo, no bairro em geral e nesta drogaria em particular.
Os idealizadores
dos centros comerciais querem fazer deles, num mesmo espaço, todos os comércios
e, por cima, as residências e serviços. Esquecem-se eles do factor mais
importante das cidades: as pessoas.
Alvalade tem, na
horizontal, aquilo que os centros comerciais têm na vertical. Com a vantagem de
não ser asséptico e possuir calor humano.
E, como se nada
disto bastasse, até é em Alvalade que está localizada uma das melhores lojas de
fotografia da cidade.
Porque raio não
comecei eu logo por aqui, se até já conheço, e bem, o bairro?
Texto e imagem: by me
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