Começo a ficar
cansado da estratégia do “devagarinho, devagarinho, vai tudo!”
E estes nossos
governantes são especialistas nisso:
- Primeiro dizem
que é só meio subsídio de natal que é confiscado; depois dizem que é todo, mais
o de férias, mas que é só por dois anos; agora sugerem que pode ser
permanentemente.
- Primeiro advogam
que o trabalho extraordinário tem que ser pago a valores mais baixos; depois
decidem que se terá que trabalhar mais meia hora por dia; agora declaram que
essa meia hora pode ser acumulada e que se poderá ter que trabalhar, gratuitamente,
mais dia e meio por mês.
- Primeiro
alertaram que este será um ano muito difícil; depois informam que serão mais
dois de austeridade; agora avisam que o apertar do cinto será por muitos mais
anos.
Sempre gostaria de
saber se estes nossos ministros e secretários de estado, bem como deputados, se
no lugar de terem como profissões de origem (nalguns casos ainda mantida em
paralelo) meramente de serviços como a advocacia ou docência ou consultadoria
ou economia ou politologia tivessem ofícios realmente produtivos como torneiros
ou amanuenses ou atendimento de balcão ou agricultor ou motoristas ou
costureiro, se dariam de barato estes lentos e progressivos aumentos de
penosidade e estas lentas, consolidadas e progressivas diminuições de
rendimentos e tempo para a família e para viver.
Gostaria de saber
como reagiriam se, para além da diminuição dos rendimentos e dos aumentos
generalizados dos bens e serviços, ainda tivessem despesas acrescidas, como o
ter pagar que mais dia e meio mensal (ou meia hora diária) a uma ama ou creche
para os filhos. Ou ter que optar por percursos mais longos e demorados de e
para o trabalho porque não há como pagar portagens. Ou a ter que deixar o
emprego porque o fim dos horários dos transportes públicos passará a ser antes
do acabar o turno de trabalho na loja ou fábrica.
Esta situação
recorda-me uma conversa atribuída a Maria Antonieta, algures no séc. XVIII:
“Senhora!” ter-lhe-ão
dito “O povo não tem pão!”
“E depois? Façam
como eu, comam brioches.”
Texto e imagem: by
me
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