sábado, 8 de outubro de 2011

Calendários




Este é o meu relógio de pulso.
Não que goste muito de usar relógio de pulso. Sempre tive a sensação de prisão ao usar o que quer que fosse apertado no pulso, relógio incluído. Daí a minha preferência por relógios de bolso. Que têm, ainda por cima, a vantagem de serem menos vezes consultados, pelo que o fluir do tempo é menos agressivo.
Acontece que os que tenho, por motivos também económicos mas principalmente estéticos, são todos de quartzo. Com a consequente necessidade de usarem pilha. Pilha essa que se esgota e eu, sendo preguiçoso, me vou esquecendo de substituir.
Assim, quando uma se gasta pego no relógio seguinte, depois no outro e no outro e no outro até que se esgota a pilha do último. Nesta altura, resta-me o recurso de, enquanto as não compro, usar o de pulso. O que não gosto.
Este tenho há decénios. Comprado em condições não muito conformes com as legislações em vigor na altura, é de corda e automático. Quer isto dizer que o balancé do seu interior lhe dá a energia necessária sem que se tenha que todos os dias rodar a respectiva carrapeta.
E tem uma característica extra, este meu relógio: desde que o comprei que se adianta a mesma quantidade de segundos por dia. O que me leva a concluir que não se trata de avaria mas antes de afinação. Mas como nunca foi aberto, de há trinta anos para cá, tem o mesmo desvio desde então.
Tem, no entanto, um problema que os relógios de hoje, electrónicos e computorizados, desconhecem: tendo calendário, indicando o dia da semana e do mês, ainda que bilingue, não identifica o mês em curso, não considerando os de 28 ou 30 dias.
Assim, nos meses curtos há que acertá-lo. Quando nos lembramos. E se ao calendário recorrermos. O que não é comum, admitamos, já que em tudo quanto é sítio há calendário acessível.
É, nos dias de hoje, um anacronismo ver alguém a rodar a carrapeta do relógio. Nem a premir botões nem a deslizar o dedo num novel mostrador luminoso. Só mesmo a rodar uma carrapeta num velho relógio de pulso.
Mas isso de andar atrás das modas da tecnologia é uma cena que me não assiste.

Texto e imagem: by me

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