Este é o meu
relógio de pulso.
Não que goste
muito de usar relógio de pulso. Sempre tive a sensação de prisão ao usar o que
quer que fosse apertado no pulso, relógio incluído. Daí a minha preferência por
relógios de bolso. Que têm, ainda por cima, a vantagem de serem menos vezes
consultados, pelo que o fluir do tempo é menos agressivo.
Acontece que os
que tenho, por motivos também económicos mas principalmente estéticos, são
todos de quartzo. Com a consequente necessidade de usarem pilha. Pilha essa que
se esgota e eu, sendo preguiçoso, me vou esquecendo de substituir.
Assim, quando uma
se gasta pego no relógio seguinte, depois no outro e no outro e no outro até
que se esgota a pilha do último. Nesta altura, resta-me o recurso de, enquanto
as não compro, usar o de pulso. O que não gosto.
Este tenho há
decénios. Comprado em condições não muito conformes com as legislações em vigor
na altura, é de corda e automático. Quer isto dizer que o balancé do seu
interior lhe dá a energia necessária sem que se tenha que todos os dias rodar a
respectiva carrapeta.
E tem uma
característica extra, este meu relógio: desde que o comprei que se adianta a
mesma quantidade de segundos por dia. O que me leva a concluir que não se trata
de avaria mas antes de afinação. Mas como nunca foi aberto, de há trinta anos
para cá, tem o mesmo desvio desde então.
Tem, no entanto,
um problema que os relógios de hoje, electrónicos e computorizados,
desconhecem: tendo calendário, indicando o dia da semana e do mês, ainda que
bilingue, não identifica o mês em curso, não considerando os de 28 ou 30 dias.
Assim, nos meses
curtos há que acertá-lo. Quando nos lembramos. E se ao calendário recorrermos.
O que não é comum, admitamos, já que em tudo quanto é sítio há calendário
acessível.
É, nos dias de
hoje, um anacronismo ver alguém a rodar a carrapeta do relógio. Nem a premir
botões nem a deslizar o dedo num novel mostrador luminoso. Só mesmo a rodar uma
carrapeta num velho relógio de pulso.
Mas isso de andar
atrás das modas da tecnologia é uma cena que me não assiste.
Texto e imagem: by
me
Sem comentários:
Enviar um comentário