Acorda um tipo
para ir trabalhar.
A bem do sono da
vizinhança, consegue fazê-lo antes do coro de despertadores começar a sua função,
o que também nos deixa com alguma tranquilidade.
Quando começa a
tomar contacto com a realidade que o cerca, constata que está calor. Calor
mesmo. Olha para o termómetro e este responde-lhe: 27,8º. Põe em dúvida e
consulta um segundo que, cumprindo as leis de Murphy, lhe mostra uns
sorridentes 27,4º graus.
“Bolas”, pensa, “está
mesmo calor. Será que corre vento lá fora?”
E é quando vai
espreitar p’la janela para verificar o agitar ou não das folhas nas árvores que
acorda por completo. E se lembra porque motivo está tanto calor dentro de casa
e porque tem que levantar os estores da cozinha, coisa que nunca fez na vida.
Estão em vias de
entaipar um tipo dentro de casa, com os andaimes de pintura que lhe montaram na
fachada. E ainda falta a rede exterior protectora. Previsivelmente e de acordo
com o que sucedeu com as restantes três fachadas, talvez que p’lo Natal a coisa
seja retirada.
Nos entretantos, vê-se
um tipo na contingência de mater os estores fechados e, em estando ausente, as
vidraças também. Que estas estruturas metálicas, com escadas montadas, são
acessos fáceis e convidativos para sócios da CAPA (Confederação dos Amigos da
Propriedade Alheia). Aliás, até já fizeram uma visita rápida e silenciosa a um
vizinho, do outro lado do prédio. Mesmo durante o sono dos justos, criancinha
incluída.
Resta-me esperar
que o São Pedro colabore e que, não chorando cá p’ra estes lados, arrefeça os ânimos
e os ares.
Que se não chover
os trabalhos acabam mais depressa. E se arrefecer, os termómetros não insultam um
tipo desta forma, logo p’las 3:30 da madrugada.
Texto e imagem: by
me
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