Pois estava calor.
Aliás, estava mesmo muito calor. Tanto calor que todos procuravam uma sombra, a
céu aberto ou debaixo de telha.
Esta carrinha não
era excepção. Ocupava um pedaço da vasta sombra provocada pela pala da estação
do Oriente. Ou isso ou os funcionários desta Biblioteca itinerante da Câmara
Municipal de Lisboa morreriam estufados no seu interior.
Com as portas
abertas, não só por via do calor mas também para publicitarem o que ali faziam,
estavam solitários com os livros que cedem e os computadores que facilitam. A
pequena mesinha com cadeiras no exterior, com revistas e jornais também não era
atractivos para os passantes, que os poucos que isto olhavam nem abrandavam o
passo.
Por via do calor
ou das pressas em chegar ou partir, que raramente se está com vagar numa estação
de caminho-de-ferro. Ou num centro comercial, que é o que aqui lhe serve de
fundo.
E lá dentro,
apesar do calor, de se estar a meio do mês e de um dia de semana, a confusão
era alguma. A fila de jovens adolescentes, algumas ainda nem isso, era bem
grande, que a sombra e o ar condicionado proporcionava algum conforto.
Esperavam umas
horas, valentes nalguns casos, para obterem um rabisco (vulgo autógrafo) de um
cantor de moda juvenil – Joe Jonas. Nunca ouvira falar dele até este dia, e não
creio que volte a ouvir, confesso. Excepto para satisfazer a minha curiosidade
sobre o que faz ficar vazia uma carrinha que cede, gratuitamente, livros e
acesso à internete.
Que é coisa que me
faz ficar triste, bem triste: livros solitários, mesmo que a custo zero.
Se virdes a
carrinha da Biblioteca Itinerante, parai.
Certamente que ali
encontrareis algo que vos cative (ou, se o pedirdes, vo lo arranjarão p’la
certa). E se não for um livro que vos atraia, prestai atenção a um par de olhos
que ali trabalha. Dos mais bonitos e simpáticos que tenho encontrado. Bem o
oposto do estereótipo de bibliotecária, mesmo que itinerante.
Texto e imagem: by
me
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