terça-feira, 4 de outubro de 2011

O crime e os media




Há quatro anos foi cometido um crime de morte em Itália.
Foi assassinada uma jovem estudante que, segundo a autópsia, terá sido esfaqueada e violada.
Na sequência deste crime, foram detidos e presentes a julgamento norte-americana, então com 20 anos e o seu então namorado, com 21 anos na altura.
O julgamento de então considerou-os culpados e condenados a pesadas penas de prisão. Tendo sido apresentado recurso, foram agora absolvidos.
Conhecem esta história? Tem sido divulgada em tudo quanto é media, sério ou nem tanto. Alguns com detalhes sórdidos.
O que se torna estranho nesta coisa é que tudo quanto é órgão de informação inicia a notícia citando o nome da acusada, agora ilibada: Armanda Knox. O nome do homem que com ela foi julgado com os mesmos resultados aparece quase que por mero acaso nos jornais e telejornais: Raffaelle Sollecito.
Então, porque raio, tendo a coisa acontecido em Itália há quatro anos, não sendo nem vítima nem acusados, nem nenhum outro envolvido, de nacionalidade portuguesa, tem este caso honras de tamanha divulgação e apenas o nome da acusada, agora ilibada, sido divulgado aos quatro ventos, citado como se fosse conhecida de tudo quanto é público português?
Comentei a coisa junto de alguém com responsabilidades editoriais de um órgão de comunicação de âmbito nacional. Responderam-me que se ela não fosse norte-americana e não tivesse uma máquina de propaganda tão bem montada a apoiá-la, nem sequer seria notícia o desfecho do caso. Mas sendo quem é, quase nem se fala no nome do seu namorado ou da vítima, ofuscados que são pela identidade da acusada, agora ilibada.

Assim se faz informação em Portugal, com agendas e agências informativas a impor conteúdos e as redacções e editores a dançarem de acordo com a música.

Texto e imagem: by me

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