sábado, 23 de julho de 2011
O relógio
Alto está, alto mora, todos o vêem, ninguém o adora!
Esta era uma daquelas adivinhas de criança, principalmente do campo ou aldeia, em que a resposta era: O relógio da torre da igreja.
Claro que outros havia que igualmente estavam (estão) altos, mas o relógio da torre da igreja marcava o tempo, ao desafio com o sol e a barriga.
Pergunto-me quem, nos tempos que correm, olhará para este, rigorosamente certo, que encima uma estação de caminhos-de-ferro?
Que já ninguém para ela caminha, que se chega de táxi, de autocarro, de metro. Que todo o mundo e mais um par de botas usa pelo menos um relógio, quando não dois: no telemóvel e, acessoriamente, no pulso.
Na sua época, terá ele pedido meças no rigor a outros, de igreja, nas imediações, mais a poente ou mais a nascente, mesmo mais acima nas colinas.
Hoje alguém terá a incumbência de manter a sua rotação síncrona com a da Terra, mais por hábito que por utilidade.
Excepto para a memória e para alma!
Texto e imagem: by me
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