quinta-feira, 28 de julho de 2011

Simulacros



E pronto! Esta é a”silly season” ou, se preferirem, a “época estúpida”.
A definição não é minha mas dada por jornalistas, que assim a definem porque poucos factos políticos acontecem. Uns estão de férias, outros a banhos e os terceiros estão a guardar munições, perdão, argumentos para a reentrée, algures em Setembro, com as festas e comícios do costume.
Assim, no verão sobram as estatísticas dos acidentes rodoviários, (mortos, feridos ligeiros e feridos graves) as estatísticas dos incêndios (hectares ardidos, homens, veículos e aeronaves, a que eles chamam de meios aéreos) e um ou outro assunto pouco importante, do ponto de vista dos jornalistas do sensacional.
Sobram as não-notícias, provocadas por alguns políticos, que fazem questão de fazer declarações e comparecer aqui e ali para que não caiam no esquecimento.
Claro está que alguns têm oportunidades raras e exclusivas.
O nosso presidente da República esteve num simulacro de salvamento com aeronaves e embarcações. As imagens são produzidas pela presidência da República, suponho, já que foram exactamente as mesmas que passaram em todos os canais televisivos.
Pergunto-me, no entanto, se isto será realmente relevante, a ponto de competir com a morte de Pop-Stars ou as reentrées de clubes de futebol.
É que, muito curiosamente, não ouvi ou li sobre o recente encerramento de uma importante editora livreira. Nem sei, através dos mesmos noticiários, qual é o rácio de nascimentos, apesar da concentração de meios hospitalares em Lisboa. Nem sei qual é o valor percentual nos orçamentos familiares dos tais aumentos dos transportes públicos, que seriam, em média, de 15%, mas cujas notícias nos mostram serem de média, superiores a 20%.
Em época de férias os jornalistas não arriscam e ficam-se pelo politicamente correcto. As desgraças do País bem longe, o provocar o apelo ao sentimento com as florestas ardidas ou a morte de alguém. E com os simulacros dos políticos, governantes ou não.
Mas, pensando bem, até que acabam por estar correctos, já que isto em que vivemos pouco mais é que um simulacro de país.

Texto: by me
Imagem: um simulacro numa estação de TV perto de si.

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