quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tempo e luz



Com os automatismos actuais nas tomadas de vista e todas as correcções possíveis nos pós-processamentos, é cada vez mais raro ver alguém a usar uma coisa destas: um aparelho de medida de luz.
A certeza do que se está a fazer deixou de ser importante, ou porque não há tempo, ou porque há sempre a possibilidade de ser corrigido mais tarde, ou de se fazer muitas na altura, que uma delas estará bem ou perto disso.
Mas também desaparece a prazer de se constatar que todo o raciocínio envolvido na feitura de uma fotografia é o correcto: luz, perspectiva, contraste, composição…
Eu mesmo vou deixando de os usar. O conhecimento do exposímetro interno da câmara vai-me permitindo fazer esse cálculo, com mais um ou dois expedientes menos comuns.
Mas vou-os tendo ali, ao alcance da mão. Estes, dos quais já só uso o Seconic, e outros, como medidores de flash, da temperatura de cor, pontuais… ali guardadinho tenho também um que não usa nem pilha nem ponteiros ou células para medir a luz: um extintómetro.
Talvez um destes diz perca a cabeça e vá buscar à loja um desses modernaços, todos de plástico, com números a piscar e uma pilha, que de quando em vez se esgota.
Mas isto nos aparelhos de medida de luz é como nos relógios: passada que foi a moda dos mostradores só com números, regressou-se às origens e já quase não se encontram que não redondos e com ponteiros. Mesmo que com pilha lá dentro.
E um relógio é como um fotómetro: ambos relativizam aquilo que não possuímos para que disso possamos tirar prazer.

Texto e imagem: by me

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