As actuais
estruturas de ensino são, na sua essência, desonestas!
Violenta a afirmação?
Eu explico:
Diz-se que o aluno
(estudante, aprendiz) deverá sair da escola com um conjunto de saberes e competências
bem definidos. Durante todo o percurso escolar, é o aluno (estudante, aprendiz)
submetido a avaliações sobre essas aquisições, onde lhe vai ser dito se se
ficou pelos mínimos, se aquém ou além deles. Se passou, se ficou num dos
lugares cimeiros ou se chumbou.
Mas o papel do
professor não é ensinar. Não é, do alto da sua cátedra, despejar o
conhecimento, usando para isso técnicas standard, e esperar que tudo isso tenha
ficado na cabeça dos alunos (estudantes, aprendizes).
O standard, o padrão,
as medidas e técnicas universais são funcionais quando falamos de parafusos ou
barris de petróleo. Ao entrarmos no campo do ser humano, existem tantas medidas
e padrões quantos os indivíduos considerados. E a capacidade de aprender de
cada um é tão diversa quanto uma estrela de outra.
Daí que, e para
que os alunos (estudantes, aprendizes) obtenham os saberes e competências
previstos, há que trabalhar com cada um deles enquanto individuo e não com cada
um deles enquanto elemento de uma turma ou sistema de ensino padrão.
É assim que o
professor não deve ensinar mas antes ajudar a aprender. Usar do tempo e esforço
necessários e suficientes para que cada aluno (estudante, aprendiz) não se
fique pelos mínimos mas antes atinja o pleno. Porque é para tal que lá estão e é
isso que esperam. Aprendiz (aluno, estudante) e professor.
A avaliação,
enquanto elemento do processo de aprendizagem, é importante, mas perigosa.
Nos moldes
actuais, mede as competências adquiridas pelos estudantes (alunos, aprendizes) dentro
dos valores padrão, colocando-os nos pelotões da frente, do meio ou de trás. E
fica o assunto resolvido.
Nos aprendizes (alunos,
estudantes) em que os resultados são medianos ou abaixo deles, fica a sensação
de frustração, a quebra da auto-estima, a rebeldia contra o sistema que não
reconhece o seu esforço em aprender, por comparação com outros. Que com
facilidade atingem a excelência.
E, com isto,
estamos a preparar cidadãos plenos, ex-alunos (ex-estudantes, ex-aprendizes) que
se auto-nivelam pela mediania ou por baixo, orientados e classificados que
foram assim durante 15 ou 20 anos da sua vida.
A avaliação (testes,
trabalhos, orais) avalia de igual forma o trabalho de quem aprende e de quem
ajuda a aprender. Porque um professor não deve ensinar mas antes ajudar a
prender.
Se os objectivos
deste trabalho de conjunto falham ou ficam-se pela mediocridade, se o mais novo
dos dois se fica pelos mínimos ou aquém deles, pelo menos metade do trabalho, o
do mais velho, foi deficiente.
Não usou do tempo
e trabalho suficientes para que a equipe terminasse com satisfação.
Uma avaliação
escolar bem concebida deverá ser construída não em função da mediania dos
alunos (estudantes, aprendizes) mas antes em função do binómio aluno/professor.
E se, num teste ou prova de avaliação escolar, cada aluno é avaliado uma vez
por um professor, cada professor é avaliado por cada um dos alunos (estudantes,
aprendizes). E se o resultado de uma turma se fica pelos mínimos ou lá perto, o
professor é apenas sofrível no seu trabalho de ajudar a aprender.
No actual sistema
de educação (e como este termo educação é odioso!), tenta-se combater o
insucesso escolar. Não através do incremento dos métodos de aprendizagem e do
investimento do sistema em cada aluno enquanto individuo, mas através da
descida dos níveis mínimos e da satisfação da sociedade quando eles são
atingidos. A diminuição dos chumbos ou reprovações.
Acrescente-se que
avaliações mal concebidas, analisadas ou baseadas num mau trabalho de um
professor podem condicionar negativamente o futuro daqueles que estão a ser
avaliados. É demasiadamente importante para ser feito de ânimo leve!
É por isso que
afirmo que o actual sistema de educação ou ensino é desonesto!
Os estudantes (alunos,
aprendizes) não passam por ele aprendendo a fazer perguntas e a ter dúvidas mas
antes a serem formatados por métodos e programas padrão, moldados pela
sociedade e não adaptados a cada um deles. Os alunos são considerados como matéria-prima,
como se fossem farinha numa padaria.
Não são
consideradas as características individuais e o percurso de cada um. Nem são
satisfeitas as expectativas de sucesso que cada um tem!
Durante o tempo
que estive ligado a escolas profissionais, a minha maior satisfação foi ver o
brilho nos olhos daqueles com quem estava a trabalhar provocado por um “já percebi”
e logo seguido de dúvidas e perguntas sobre a continuidade do trabalho que vínhamos
fazendo.
E um orgulho
tremendo de, querendo ir sempre mais e mais longe com eles, nunca ter reprovado
um só que fosse.
A todos eles, o
meu obrigado por esta satisfação.
By me
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