segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Calculadora



No esquema do “roda-bota-fora”, era a minha vez de pagar.
E enquanto eles se preparavam para sair, arrumando-se e arrumando as tralhas, levantei-me e dirigi-me à caixa, para o fazer.
A mocinha fez o que deveria lá na sua caixa registadora e entregou-me o respectivo talão com as parcelas e o total. Que eu tratei de conferir.
Não é desconfiar de nada nem ninguém, mas há muito que me habituei a tal. Enganos qualquer um pode ter e nada como conferir contas. Ainda bem que o fiz.
No registo lá da maquineta faltava um item, que logo identifiquei e avisei disso.
Novo registo, desta feita individual e um segundo talão de caixa. Faltava apenas somar um e outro para se obter o saldo final.
Rapidamente fiz as contas de cabeça, enquanto a mocinha procurava uma máquina de calcular, que não tinha. E olhou para mim com ar de desconfiança quando lhe disse o total da adição. Não sei se não acreditando na quantia que lhe havia anunciado, se na minha capacidade de fazer contas de cabeça.
Mas não me atrapalhei. Rapando do telélé, tratei de  activar a calculadora que nos mostrou o mesmo que lhe tinha anunciado. Ficou com um sorriso amarelo, recebeu o que havia a receber, fez o troco arredondado que lhe indiquei e saí.
Saí com a tristeza profunda de haver cada vez mais e gente incapaz de uma simples conta de somar, mesmo que com casas decimais, mas com uma grandeza desta ordem.

Com tantas estatísticas sobre os resultados escolares, sobre o como a matemática é a eterna “bruxa maldita”, com tantos projectos educativos, inovadores ou especiais, onde fica o principal objectivo dessa disciplina: organização e lógica?
É-me pouco importante que se seja capaz de fixar fórmulas resolventes, ou a área de uma superfície. Menos ainda que se saiba de trignometria ou calculo vectorial. Ao fim e ao cabo, é para isso que existem as maquinetas modernas, digitais, capazes dos mais elaborados cálculos. Mas uma simples adição?

Quem anda a chumbar, ano após ano, são os ministros e pedagogos que definem currículos e programas, cada vez mais complexos e completos, deixando de parte o vital: saber pensar!

By me

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