É uma conversa
que, volta e meia, vem à baila. E eu uso os mesmos argumentos de sempre.
Fala-se do vício
do telemóvel e de como tanta gente é incapaz de passar sem ele. Mais: como as
conversas são interrompidas de súbito, só porque o aparelhómetro de um dos
interlocutores tocou. A premência de querer saber quem está a ligar e a
eventualidade, tantas vezes remota, de ser assunto urgente, tudo justifica. Mesmo
a má educação.
O meu argumento,
baseado na minha própria atitude, é sempre o mesmo: atendo o aparelho se puder
e quiser. E se puder e quiser interromper o que estou a fazer. E há coisas que
não interrompo, nem que a vaca tussa.
Para reforçar este
argumento, costumo perguntar se quando estão na casinha atendem o telemóvel. A
maioria diz-me que sim, mas sempre achei que era uma forma de me calarem, o que
não é fácil.
Um destes dias
cheguei a outra conclusão.
Estava eu aqui
entretido a fazer o que imaginam quando oiço um telemóvel tocar. Sabia não ser
o meu e pensava-me sozinho, pelo que imaginei que alguém o havia deixado ali. Toca
uma segunda vez, e eu tranquilo com a minha ocupação. Não chegou a tocar
terceira vez.
De dentro de uma
das privadas, nas minhas costas, oiço alguém atender e encetar uma conversa
que, e devido ao revestimento do local e consequente acústica, nada tinha de
privacidade.
Tive tempo de
lavar as mãos e secá-las, tudo com calma, e a tal conversa, bem fútil por
sinal, continuou com a maior das naturalidades, por aquilo que deduzi do tom
que ouvia.
Vou,
decididamente, mudar de argumento, que o que tenho ouvido parece ser verdade. E
passar a usar um de maior peso:
Se quando estão
deitados, em plenos deleites com quem ali deitado também está, também
interrompem a função.
Sempre quero saber
quem terá a coragem de dizer que sim!
By me
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