Venho da terra
assombrada
do ventre de minha
mãe
não pretendo
roubar nada
nem fazer mal a
ninguém.
Só quero o que me é
devido
por me trazerem
aqui
que eu nem sequer
fui ouvido
no acto de que
nasci.
Trago boca pra
comer
e olhos pra
desejar
tenho pressa de
viver
que a vida é água
a correr.
Venho do fundo do
tempo
não tenho tempo a
perder
minha barca
aparelhada
solta rumo ao
norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira
fechada.
Não há ventos que
não prestem
nem marés que não
convenham
nem forças que me
molestem
correntes que me
detenham.
Quero eu e a
natureza
que a natureza sou
eu
e as forças da
natureza
nunca ninguém as
venceu.
Com licença com
licença
que a barca se fez
ao mar
não há poder que
me vença
mesmo morto hei-de
passar
com licença com
licença
com rumo à estrela
polar.
By me
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