quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A carruagem



Quem anda de transportes colectivos tem preferências, como em qualquer outra coisa.
Ele é o lugar à janela, ele é o ir de frente, ele é o não ocupar os lugares prioritários, ele é ir ou não ao sol… são várias as preferências.
Há um fulano que conheço que leva as suas preferências ao limite: não embarca se assim não for! E não viaja nas carruagens de topo, a da frente ou a da retaguarda, tal como não viaja nas centrais, no caso de ser um composição dupla. Caso tenha que subir numa dessas, percorre o comboio, para um lado ou para o outro, em busca de um lugar que não seja nelas.
Disse-me ele que essas são as carruagens perigosas, que em caso de colisão são as que sofrem maior impacto, com maior número de vítimas, mortais ou não.
Confesso que nunca tinha pensado nisso, pese embora os anos que levo de utilizador de ferrovia. E, apesar de ter uma preferência semelhante, essa questão não me tira o sono nem me faz mudar de lugar.
A minha escolha por carruagens que não essas prende-se com o facto de serem elas as mais barulhentas. É nas carruagens de topo que estão colocados os motores, diesel ou eléctricos, que fazem barulho naturalmente. E eu gosto da tranquilidade no transporte diário, que me permite ler, escrever, pensar ou tão só observar o que e quem me cerca. O barulho dos motores… se puder, evito-os.

A cada um as suas motivações, por medos ou confortos. E, confesso, só tenho medo mesmo de uma coisa: de gente má.

By me

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